TCU libera reforma agrária a pedido do Incra apesar dos indícios de fraude

O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu na semana passada parte da medida cautelar que paralisou, em abril, o Programa Nacional de Reforma Agrária. À época, o TCU identificou suspeita de irregularidades na concessão de lotes e benefícios a 578 mil assentados do programa. "Após solicitação do Incra, que apresentou um plano de providências ao Tribunal para sanar as irregularidades apontadas, o TCU decidiu suspender por 120 dias os casos que apresentem determinados indícios de irregularidades – de 15 tipos de suspeitas de fraude apontadas, o TCU liberou temporariamente beneficiários enquadrados em nove deles", informou o TCU em nota na última quinta-feira, 22 de setembro.


Já na gestão de Michel Temer, o Presidente do Incra, sob forte pressão do MST, se reuniu na véspera do feriado de 7 de setembro com ministros do TCU para pedir a liberação. Relembre: Presidente do Incra pede ao TCU que libere reforma agrária

O tribunal informou que atendeu ao pedido do Incra porque entendeu que parte dos beneficiários acabaram sob suspeita de fraude "por falhas nos cadastros e banco de dados do Incra e não necessariamente por ação do agricultor." Ainda de acordo com o TCU, serão exigidos do assentado documentos que comprovem a sua regularidade com o programa de reforma agrária para acesso a benefícios como crédito rural e assistência técnica. Além disso, o Incra terá que encaminhar à corte um relatório mensal "das providências adotadas e resultados alcançados durante a vigência da suspensão da medida cautelar."

Irregularidades

A decisão de abril do TCU impedia o Incra de fazer tanto a seleção de beneficiários quanto novos assentamento em terras destinadas à reforma agrária. A decisão foi tomada diante de indícios de irregularidades ocorridas na concessão de lotes do Programa Nacional de Reforma Agrária. Entre as irregularidades estava a concessão de benefício a servidores públicos, empresários, estrangeiros, aposentados por invalidez e até a pessoas falecidas.

Também foram encontrados casos de concessão de benefícios a pessoas com sinais de riqueza, como veículos de alto valor, além de pessoas com renda superior a três salários mínimos e vários políticos. Segundo o relatório do ministro Augusto Sherman, o corpo técnico do TCU informou a ocorrência de indícios de irregularidades em todos os estados do país.

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