Com quantas tapioquinhas se sedimenta um preconceito?

Imagine que você é um brasileiro estudante de filosofia e está em Paris trabalhando numa tese sobre a forma peculiar de construção lógica de Ignancy Sachs. Você para num café e pede um croissant. Daí você olha no guardanapo e está escrito em francês: Salve a Amazônia, queime um brasileiro.

Well, depois de comer o croissant você pode sair de lá escandalizado dizendo para todo mundo que foi ameaçado de morte por um francês fascista, ou você pode pensar a respeito.

Os brasileiros estavam mesmo queimando a Amazônia, logo, é natural que um francês imagine que queimar um brasileiro é um atalho para se salvar a Amazônia e o planeta e o próprio rabo. A frase do guardanapo é uma frase de efeito que resume muita coisa.

Agora, imagine que você é uma amazônida que veio para Altamira incentivado pelo governo brasileiro nos anos 70. O governo te pediu para vir, te deu terra, te mandou desmatar tua terra, te pagou pra isso e derrepente, não mais que derrepende, chega uma garotada de mãos finas, que passaram poucos perrengues na vida e começa a te tratar como criminoso.

O ambientalismo desembarcou na Amazônia e tratou de asfixiar a economia predatória que achou aqui, o que não deixa de ser uma forma metafórica de se queimar alguém. Mas, por outro lado, o ambientalismo não sabe como construir a nova economia verde. O resultado dessa inconseguência é salvar florestas tolhendo e oprimindo o povo. O mesmo povo que veio para a Amazônia num momento em que a visão do homem e da humanidade sobre desmatar era totalmente diferente da visão que o homem e a humanidade têm hoje.

O ambientalismo vem opriminndo e violentando o povo da Amazônia em nome da salvação da floresta. Isso, na minha leitura, é uma forma canalha de se fazer o bem. Todos os tiranos do planeta arranjaram uma forma de justificar, de tornar moral, a opressão que imprimiram a esse ou àquele povo. Uma frase de efeito é sempre uma frase de efeito.

Mas, se você lê numa cidade da Amazônia a frase: Salve um amazônida, queime um ambientalista. Você pode se sentir um grande herói ameaçado e sair por aí, desvairado, dizendo que te ameaçaram de morte em Paris ou na Amazônia. É sempre mais divertido e mais simples. Mas você pode pensar sobre isso. Caso queira saber mais sobre essa tese, clique aqui.

Em tempo, este foi um post direcionado. Se você não entendeu nada, não se apoquente.

Comentários

Ciro, eu nao concordo com a sua visao de Ignacy Sachs. Ja vi diversas palestras suas e li um livro seu, alem de alguns artigos, e tenho conviccao de que ele ve a questao amazonica de forma muito parecida com a sua. Uma das coisas que mais me marcou em suas palestras (sao todas identicas!) e que ele diz, mais ou menos assim: nao da para um frances, que nao conhece a realidade do amazonida (ele usa este termo), falar isto e aquilo sem se lembrar que existem 20 milhoes de pessoas la que tambem querem ter carros, viagens de ferias a praia, etc.
Ele tem aquele papo abstrato de "biocivilizacao do futuro", que certamente da gas aos nossos verdes vulgares, mas com certeza sabe que a transicao para aquele ideal nao e simples como todos desejariamos que fosse.
Luiz Prado disse…
DIRECIONADO E POUCO CLARO NO QUE SE REFERE AO DIRECIONAMENTO, POSSO LHE DIZER UMA COISA: O IGNACY SACHS É UM QUADRÚPEDE, ALPINISTA INTELECTUAL E ALPINISGTA ACADÊMICO. DURANTE UM ANO FREQUENTEI UM CURSO DELE NA ÉCOLE DE HAUTES ÉTUDES E ELE JÁ SE DEDICAVA A ESSE ALPINISMO ACADÊMICO CENTRADO NO PRÓPRIO UMBIGO, AUTISTA, EXIBICIONISTA. FELIZMENTE, EU ESTUDAVA SÉRIO EM OUTROS LUGARES, E AQUILO ALI ERA DIVERSÃO, COMO OUVIR O MACACO SIMÃO DA ESQUERDINHA DE BOTEQUIM. DEPOIS, COMO TODO ESQUERDINHA NAUFRAGADO, ELE PEGOU O CAMINHO DO "AMBIENTALISMO" QUE É O NOME USADO PARA O "ATIVISMO" (LEIA-SE, AQUELE QUE SE DEDICA A "TER UMA ATIVIDADE") SEM FORMAÇÃO PROFISSIONAL. SÃO TODOS AMBIENTALISTAS DO SÉTIMO DIA, FASCISTAS. ORA, VEJA SE ALGUÉM QUE TRABALHA NUMA ONG QUE CUIDA DE CRIANÇAS POBRES OU SE A CRUZ VERMELHA É CHAMADA DE "ATIVISTA"! UNS FASCITÓIDES QUE TRABALHAM POR DINHEIROS DE ORIGEM NEBULOSA.