Caros, eu estou emocionado. Nunca antes na história deste país que me diverti tanto lendo um texto produzido por uma ONG. O Imazon acaba de lançar o mais impressionante texto jamais produzido sobre o Código Florestal na Amzônial. Temo que a minha emoção prejudique meu julgamento, portanto, neste post, irão as primeiras impressões à partir da leitura do texto e do material de apoio divulgado pela ONG. Ao longo da próxima semana, a medida em que o tempo permitir, farei outras considerações sobre o texto.
O amazonólogo do Imazon, Paulo Barreto, e seu assistente, Deniel Silva, elaboraram um trabalho sobre "A Viabilidade da Regularização Socioambiental da Pecuária no Pará". Este blogger sabe a resposta disso desde o segundo ano do curso de agronomia da UFRA, mas o Imazon gastou alguns dólares do Departamento de 1/2 Ambiente do Reino Unido, da Fundação norte-americana Gordon & Betty Moore e do Blue Moon Found para descobrir que "apenas fazendas com ampla escala de produção e alta produtividade seriam rentáveis cumprindo as regras socioambientais" e que "dado que os produtores menores são menos rentáveis [...] a tendência é que eles abandonem a pecuária ou vendam ou arrendem suas terras para fazendeiros maiores". Reparem nas ASPAS. São palavras recortadas do texto.
Como é de praxe, os amazonólogos manipularam dados e assumiram pressupostos para forçar o resultado final do trabalho. Por exemplo, ao usar o custo de oportunidade de 6,75% eles emprestaram viabilidade a pontos da amostra que não têm viabilidade no mundo real, uma vez que esse custo, tirado das taxas de juros cobradas pelo Banco da Amazônia para empréstimos rurais, aplica-se apenas a empreendimentos de pequenos porte. O custo do capital para empreendimentos de grande porte é 8.75% Barreto sabe disso, mas escolheu a taxa menor de propósito. Outro exemplo de escolha feita com o propósito de determinar a conclusão foi considerar a Reserva Legal na Amazônia como 50%. O Imazon passou os últimos 20 anos defendendo o percentual de 80% de Reserva Legal para Amazônia, mas a bem o estudo de Barreto e Daniel, a RL considerada foi de 50%. Eles variam o percentual de reserva de acordo com a conveniência do estudo, ora usam 50%, ora usam 80%.
Mas nem todas esses truques de praxe alteraram o resultado final do trabalho. O Imazon conseguiu expor todos os dentes da horrenda carranca do Código Florestal. Reparem, por exemplo a figura abaixo que mostra o efeito do Código Florestal na saúde econômica das propriedades rurais com e sem Código Florestal.
Entre outras coisas, Barreto e Silva recomendam textualmente, vou colocar entre aspas, vou negritar também para não haver dúvidas: "Uma análise mais completa do impacto da regularização socioambiental nos pequenos imóveis REQUERERÁ uma avaliação da rentabilidade das atividades em que ele tenderão a sobreviver (pecuária leiteira, hortifrutigrangeiros, etc). Vocês tem a dimensão do que significa isso? Esse bando de filhos-da-puta vêm defendendo o enforcement de uma legislação ambiental sem ter menor ideia do que vai acontecer com as pessoas obrigadas a cumprir a lei, sem saber se os produtores são capazes de cumprir a lei sem desaparecer, indiferentes às consequências.
Peço mil desculpas a você leitor, mas o xingamento é inevitável para mim. É inevitável porque eu odeio essas pessoas. Eu odeio essas pessoas porque que a inviabilização de pequenos imóveis, a concentração fundiária, o expurgo de amazônidas, o êxodo rural causado pelo Código Florestal que esses canalhas defendem, a violência que esses pulhas vem perpetrando na Amazônia em nome da necessária preservação ambiental é clara pra mim. Sempre foi clara pra mim. Desde os meus 17 anos, desde o terceiro semestre da universidade, é claro pra mim os efeitos dessas leis. Eu nunca precisei gastar um único centavo de fundação estrangeira.
Gostaria de parabenizar Paulo Barreto e Daniel Silva. Vocês conseguiram fazer o que eu nunca consegui. Vocês conseguiram mostrar a todos o quão errados o movimento ambiental sempre esteve sobre o Código Florestal na Amazônia. Ao longo da semana trarei aqui no Blog uma análise menos passional e mais técnica sobre o texto. Vocês entraram na minha seara agora, meus caros. Pode preparar o manualzinho de economia rural, porque de hoje até a próximo domingo o couro vai comer.
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O amazonólogo do Imazon, Paulo Barreto, e seu assistente, Deniel Silva, elaboraram um trabalho sobre "A Viabilidade da Regularização Socioambiental da Pecuária no Pará". Este blogger sabe a resposta disso desde o segundo ano do curso de agronomia da UFRA, mas o Imazon gastou alguns dólares do Departamento de 1/2 Ambiente do Reino Unido, da Fundação norte-americana Gordon & Betty Moore e do Blue Moon Found para descobrir que "apenas fazendas com ampla escala de produção e alta produtividade seriam rentáveis cumprindo as regras socioambientais" e que "dado que os produtores menores são menos rentáveis [...] a tendência é que eles abandonem a pecuária ou vendam ou arrendem suas terras para fazendeiros maiores". Reparem nas ASPAS. São palavras recortadas do texto.
Como é de praxe, os amazonólogos manipularam dados e assumiram pressupostos para forçar o resultado final do trabalho. Por exemplo, ao usar o custo de oportunidade de 6,75% eles emprestaram viabilidade a pontos da amostra que não têm viabilidade no mundo real, uma vez que esse custo, tirado das taxas de juros cobradas pelo Banco da Amazônia para empréstimos rurais, aplica-se apenas a empreendimentos de pequenos porte. O custo do capital para empreendimentos de grande porte é 8.75% Barreto sabe disso, mas escolheu a taxa menor de propósito. Outro exemplo de escolha feita com o propósito de determinar a conclusão foi considerar a Reserva Legal na Amazônia como 50%. O Imazon passou os últimos 20 anos defendendo o percentual de 80% de Reserva Legal para Amazônia, mas a bem o estudo de Barreto e Daniel, a RL considerada foi de 50%. Eles variam o percentual de reserva de acordo com a conveniência do estudo, ora usam 50%, ora usam 80%.
Mas nem todas esses truques de praxe alteraram o resultado final do trabalho. O Imazon conseguiu expor todos os dentes da horrenda carranca do Código Florestal. Reparem, por exemplo a figura abaixo que mostra o efeito do Código Florestal na saúde econômica das propriedades rurais com e sem Código Florestal.
Clique na imagem para ver os detalhes. Repare que o traço usado na primeira coluna do cenário 1 é um eufemismo para a palavra "jamais". |
Entre outras coisas, Barreto e Silva recomendam textualmente, vou colocar entre aspas, vou negritar também para não haver dúvidas: "Uma análise mais completa do impacto da regularização socioambiental nos pequenos imóveis REQUERERÁ uma avaliação da rentabilidade das atividades em que ele tenderão a sobreviver (pecuária leiteira, hortifrutigrangeiros, etc). Vocês tem a dimensão do que significa isso? Esse bando de filhos-da-puta vêm defendendo o enforcement de uma legislação ambiental sem ter menor ideia do que vai acontecer com as pessoas obrigadas a cumprir a lei, sem saber se os produtores são capazes de cumprir a lei sem desaparecer, indiferentes às consequências.
ONG interpretando o Código Florestal |
Gostaria de parabenizar Paulo Barreto e Daniel Silva. Vocês conseguiram fazer o que eu nunca consegui. Vocês conseguiram mostrar a todos o quão errados o movimento ambiental sempre esteve sobre o Código Florestal na Amazônia. Ao longo da semana trarei aqui no Blog uma análise menos passional e mais técnica sobre o texto. Vocês entraram na minha seara agora, meus caros. Pode preparar o manualzinho de economia rural, porque de hoje até a próximo domingo o couro vai comer.
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Comentários
e a ministra Isabela ainda vem dizer que 80% da população defende o código atual. Como informá-los da verdade? Não vejo outra forma senão através de uma mobilização dos pequenos produtores que somam mais de 5 milhões de estabelecimentos no país. Seria um movimento legítimo e escarecedor, senão, teremos que aturar o samba do crioulo doido: "ô, ô, ô, ô, ô, ô, o trem tá atrasado ou já passou".
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