A Sociedade Brasileira para a Conservação dos Paradigmas (SBCP) enviou carta ao presidente do Senado, José Sarney, o Pai, em que pedem que a proposta do novo Código Florestal seja discutida na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) da casa. Por enquanto, o texto passará pelas comissões de ½ Ambiente e de Agricultura. Depois de quase meio século se eximindo de estudar o Código Florestal, os acadêmicos agora querem mais tempo.
Os pesquisadores argumentam que a ciência poderia servir como um fiel da balança na disputa entre ambientalistas e ruralistas. "Se os ruralistas vencerem, o País perde. Se os ambientalistas vencerem, o País também perde", diz o engenheiro agrônomo José Antonio Aleixo. "A única forma de o País ganhar é não existirem vencedores. O interesse público deve prevalecer." Aleixo, pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco, coordenou o grupo criado pelas entidades científicas para discutir o Código. Sabe de onde Aleixo tirou essa máxima? Deste blogger que vos blogga. Fui eu quem disso isso a ele em debate ao vivo na Radio Câmara.
A presidente da SBCP, por outro lado, preferiu mentir. Helena Nader disse que os cientistas insistiram em participar do debate. "Já enviamos várias cartas. Estamos sendo ignorados", disse Nader. É mentira. Helena Nader está mentindo. A SBCP foi convocada a contribuir pela Comissão Especial do Código Florestal que resultou no Relatório Rebelo e simplesmente não compareceram à reunião. Um requerimento apresentação pelo deputado Paulo Piau convidou a SBCP e a ABC. Ambas se recusaram a contribuir sob o argumento de que não tinham posição oficial. Não compareceram a reunião. Na verdade os cientistas foram instados a não contribuir para que as ONGs pudesse depois espalhar que os deputados não ouviram a ciência. A academia brasileira está se deixando manipular da forma mais abjeta possível. A carta enviada a Sarney, o Pai, pelos preservadores de paradigma não dizem palavra que reconheça o esforço democrático de legislação sobre o tema. Ao contrário dos cientistas, a Câmara não se omitiu do debate.
É necessário frisar, que apesar do atraso, é bom os cientistas agora entrem no debate. Mas também é necessário frisar que muitas tolices já foram paradigma científico. Assim como hoje há conhecimento arraigado em torno do Código Florestal, o criacionismo já foi paradigma científico, a eugenia já foi paradigma científico. Há relatórios de cientistas defendendo peremptoriamente a eugenia. É necessário que a ciência entre no debate, mas o debate demanda a ciência que olha para as lacunas do conhecimento, não para as certezas arraigadas como fizeram a SBCP e a ABC em seu relatório. O debate demanda cientistas com a mente suficientemente aberta para enxergar as fissuras no paradigma do Código Florestal. 410 votos contra 63 é um baita fissura, 90% da produção agrícola brasileira na ilegalidade é uma baita fissura, APPs com larguras fixas é uma baita fissura. É preciso que os cientistas tenham capacidade de enxergar as lacunas de conhecimento e os preservadores de paradigma não conseguirão fazê-lo deixando-se pautar pelas ONGs.
Comentários
esse câncer denominado ambientalismo radical é antigo (historicamente podemos dizer que tomou o lugar da ditadura militar) e quase se tornou metástase ao verificarmos todas essas análises fundamentalistas de cientistas sem fundamento científico.
Concordo que seja valioso que a ciência entre no debate e concordo também ser de excepcional importância que se debata sem os paradigmas da ditadura ambiental as fissuras, quase abismos, construídas pelas leis "burras", MPs e Res. CONAMA, mas, como será possível isso? Onde estão os cientistas comprometidos com a verdade?
Wagner Salles
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