Quem diria, Marina Silva e Ronaldo Caiado juntos contra a reforma do Código Florestal

A aliança improvável
Ronaldo Caiado resolveu que não quer votar a reforma do Código Florestal ainda em 2011. Ele acha que o texto aprovado no senado é ruim e quer mais tempo para analisar a matéria. Ele, e outros deputados mais radicais, vêm criando obstáculos à tramitação final da matéria na Câmara que precisa ocorrer antes do Natal. Ronaldo Caiado se uniu a Marina Silva.

Marina Silva fez campanha para que a Comissão Especial da Câmara dos deputados rejeitasse o texto de reforma do Código Florestal. Na votação, Marina perdeu por 13 a 5. Quando o texto foi votado no Plenário da Câmara, Marina também fez campanha para que o texto fosse rejeitado, chegou a se fazer presente na seção tentando intimidar os deputados com sua aura. No voto, perdeu por 410 a 63. Na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Marina fez campanha contra a aprovação do texto. Perdeu por 17 a 5. Marina também fez campanha contra a aprovação do novo Código Florestal na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado. Perdeu por 12 votos contra 1. Na Comissão de Agricultura perdeu por unanimidade. Marina intensificou a campanha contra a reforma do Código Florestal quando a Comissão de Meio Ambiente do Senado apreciou a matéria. Eu estava lá e vi Marina ser derrotada por 16 votos a 1. Marina chegou a procurar o Presidente do Senado, José Sarney, tentando fazer com que o texto fosse derrotado no plenário daquela casa. Perdeu novamente por 59 a 7.

Agora Marina Silva está empenhada, com ajuda dos departamentos de marketing e internet de todas as grandes ONGs internacioais, em uma campanha para que a Presidente Dilma Rousseff vete a reforma do Código Florestal. Tudo indica que perderá por 1 a zero.

Do outro lado do espectro político está Ronaldo Caiado. Quando Fernando Henrique Cardoso publicou a Medida Provisória que alterou o Código Florestal em 1996, Caiado era da base aliada ao governo, do mesmo partido do Vice Presidente da república, o PFL. O ministro do meio ambiente era do PFL. Caiado não pode fazer nada contra o Código Florestal do Fernandão. Anos depois o Congresso criou uma Comissão de Mista de Deputados e Senadores para reformar o Código Florestal. A Comissão era presidida pelo Senador Jonas Pinheiro, já falecido e relatada pelo Deputado Moacir Micheleto. Caiado era o líder da Bancada da Agropecuária. Foram todos derrotados pelo fundamentalismo ambiental ante uma incapacidade quase congênita de argumentação e insensibilidade total para os novos desafios ambientais. Foi necessário que Aldo Rebelo, um deputado comunista deixasse seu mundo para fazer o que Caiado nunca foi capaz, unir os produtores rurais e derrotar o radicalismo ambiental das ONGs e de Marina Silva.

Insatisfeitos com o resultado da atual reforma do Código Florestal, Ronaldo Caiado e Marina Silva, quem diria, estão juntos criando obstáculos à tramitação da matéria. Caiado se recusa a fazer qualquer concessão ao meio ambiente e Marina Silva se recusa a fazer qualquer concessão à agricultura. São idênticos em seu fundamentalismo.

O texto do Código Florestal não agrada ninguém. Talvez o grande mérito dessa reforma tenha sido mostrar que Caiado e Marina são só duas faces da mesma moeda podre.

Comentários

Braso disse…
O texto tem mesmo que ser negociado, espero que algum especialista analise o que é bom e o que é ruim para todos nós agricultores, no chute de aprovar ou não e no escuro fico com a posição de Caiado e longe da marina do pau oco.