A ciência séria sobre o Código Florestal: Com a palavra, o Presidente da Embrapa:

Presidente da Embrapa, Pedro Arraes
Foto: Elza Fiúza / ABr
Brasília - Mesmo com o texto do novo Código Florestal em tramitação no Congresso Nacional e sob a ameaça de ter a votação adiada para depois da Rio+20 - a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável -, em junho, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, acredita que, ainda que o Legislativo chegue a um consenso, o texto terá que ser revisto em cinco anos.

Para Arraes, o novo código representa um avanço sobre o tema e precisa ser aprovado, mas está prejudicado por questões políticas e ideológicas. Esses componentes, segundo ele, podem expor a necessidade de ajustes.

A Embrapa foi uma das instituições que subsidiaram o debate no Legislativo, apresentando resultados de estudos técnicos e científicos e, segundo Arraes, também sobre pontos que exigem “bom-senso”.

“Há um item, por exemplo, que diz que o produtor pode tirar 20 metros cúbicos [de madeira] por hectare por ano para seu consumo. Se é 20, 5 ou 10 [metros cúbicos], isso é uma decisão política e prática. Você acha que alguém vai controlar o produtor que tira a madeira para cozinhar para os filhos dele? Ele vai ter que pedir autorização para o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]? Cria-se uma lei e como vai ser aplicada? Em um país desse tamanho, com essa diversidade?”, indagou o presidente da Embrapa.

Além das regras que podem ficar comprometidas pela incapacidade de fiscalização de todo o território nacional, Arraes também alerta sobre as diversas realidades produtivas que existem no país. Na sua opinião, é difícil construir uma legislação nacional para uma questão que guarda tantas especificidades.

Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, que vêm sofrendo constantemente com a estiagem, por exemplo, os produtores retêm a água dos rios próximos como uma medida preventiva e de resguardo da produção e renda. “Ele não pode reter água porque tira aquele resquício de mata nas margens, mesmo que diga que vai fazer uma represa e plantar muito mais em volta. Como você põe isso em legislação nacional? Outra questão, no Sul do país, é a conveniência de plantar maçãs naquela inclinação. Você vai a Portugal e é tudo assim há mil anos”, disse.

A diversidade de biomas também foi apontada por Pedro Arraes como uma dificuldade no cálculo exato e nacional do que seria o estoque de florestas suficiente para garantir uma agricultura sustentável. Segundo ele, o georreferenciamento por satélite que está sendo elaborado pela empresa, mapeando a produção e os tipos de solo do território nacional, deve oferecer um cenário mais preciso para balizar políticas públicas de incentivo por parte do governo.

Reportagem de Carolina Gonçalves e Danilo Macedo, repórteres da Agência Brasil com edição de Graça Adjuto
Original em: Para presidente da Embrapa, Código Florestal terá que ser revisto em cinco anos

Em tempo, essa guerra encarniçada pelo Código Florestal deu à sociedade brasileira a oportunidade de ver as duas maiores agremiações de cientistas do Brasil desbundando-se numa militânciazinha abjeta. SBPC e ABC abriram mão do rigor científico, do espírito de investigação de lacunas de conhecimento, para remarcar e ressaltar um certo "conhecimento" corrente sem se importar com as questões que o tal conhecimento corrente não responde, sem se importar com as consequências da aplicação da lei vigente.

Os militantes políticos da ABC e SBPC se recusaram a enxergar os evidentes problemas de aplicação do Código Florestal e por consequência se eximiram de oferecer alternativas que pudessem levar à conciliação entre a proteção de APPs e a manutenção de produtores rurais no campo. Os relatórios e cartas dos cientistas militantes resumem-se a ressaltar a importância e a necessidade da preservação, mas não oferecem qualquer solução para os conflitos gerados no campo pelas atitudes de preservação.

O que os cientistas da ABC e da SBPC fizeram foi permitir que a militância ambiental se travestisse de ciência falando por meio dos relatórios e das cartas que convenceu os cientistas a subscreverem. ABC e SBPC mostram à sociedade brasileira que ciência, sob dirigentes irresponsáveis, pode se deixar prostituir como qualquer um.

Pedro Arraes tentou manter a Embrapa longe da protituição cientifica da academias de ciência. Embora houve cientistas da Embrapa na equipe ele nunca tiveram autorização oficial da empresa para defender em público os relatórios das academias. Instado a produzir números que embasassem os argumentos dos deputados da bancada da agropecuária, Pedro Arraes se negou com a complacência do Ministro da Agricultura, um boca-aberta fraco.

A atitude de Pedro Arraes ao longo de todo esse debate do Código Florestal é um exemplo de como devem se comportar os cientisas sérios, mantendo-se longe da militância política e atendo-se ao conhecimento sem abrir mão do rigor científico. Tudo o que o moleques na ABE e da SBPC não fizeram.

Comentários

Prezado Ciro,
Publiquei em meu blog o endereço dessa postagem.
Saudações.
Nilson
www.agronegocioemdebate.blogspot.com