Crise na base aliada e a reforma do Código Florestal. Entenda o que está acontecendo:

O governo passa por uma crise em sua base aliada. Recentemente um grupo de deputados do PMDB encaminhou uma carta à presidente Dilma reclamando por mais espaço do governo. Também o PR, outro grande partido da base aliada, anda descontente com o governo desde que foi alijado do Ministério dos Transportes com a defenestração do Senador Alfredo Nascimento do cargo. O PT, como sempre, arreganha dos dentes para ocupar todos os espaços possíveis no Estado.


Há duas semanas o governo vem tentando votar a Lei Geral da Copa, mas os deputados da oposição e da base aliada inviabilizaram até agora todas as tentativas de votação, exigindo que o governo marque uma data para a votação do Código Florestal. Embora a imprensa, urbana, por incompetência analítica, e o talibãs do ambientalismo fundamentalista por conveniência, confundam as duas situações, são dois movimentos diferentes que geram sinergia.

É claro que se a base aliada estivesse satisfeita com o governo, dificilmente os deputados conseguiriam barrar as votações da Lei da Copa. Mas o anseio pela votação do Código Florestal vai além do fisiologismo nosso de cada dia.

A reforma do Código Florestal tem raízes na sociedade brasileira, no meio rural e nas cidades menores mais ligadas ao campo do que os grandes centros urbanos onde estão os militontos da Marina Silva e os jornalões. É por isso que eles não compreendem bem o que está acontecendo.

Por anos fiscais do IBAMA e promotores de justiça têm abordado produtores rurais, grandes e pequenos, de forma truculenta, radical, em operações acompanhadas da Polícia Federal e da Força Nacional, armados, distribuído multas, exigindo assinatura de TACs, ameaçado de prisão, embargado áreas, apreendido máquinas agrícolas e safras, destruído cultivos, buscando de forma fundamentalista o cumprimento do Código Florestal vigente.
Esse verdadeiro flagelo lançado sobre o Brasil real, longe dos olhos e da compreensão dos centros urbanos cuja economia não depende mais do campo e onde estão os jornalões e seus jornalistas, reverbera na Câmara dos deputados que precisam visitar periodicamente aqueles rincões em busca de voto.

Foi pelo sentimento de injustiça cultivado no Brasil real, longe dos centros urbanos, pela forma irresponsável como Estado vem cobrando o Código Florestal vigente, e não por fisiologismo, que a reforma do Código Florestal foi aprovada com ampla maioria em todas as votações pelas quais passou até agora. Não havia crise na base quando o texto foi aprovado na comissão especial da Câmara, não havia crise na base quando o PMDB (que ocupa a vice presidência da república) alterou o texto na Câmara; não havia crise na base quando o texto tramitou no Senado, e lá também a reforma foi aprovada por ampla maioria de votos.

O que os analistas urbanos não compreendem é que o povo brasileiro quer a reforma do Código Florestal. Aos ambientalistas convém colar a imagem da reforma do Código Florestal, ao fisiologismo comum no nosso sistema partidário. É uma forma de desqualificar a reforma, parece verdade, os jornalões e seus jornalistas vão achar que é um fato, vão dizer que é um fato e vão criar um factóide. Mas será sempre e tão somente um factóide, jamais um fato.

Ontem, depois que os partidos (da oposição e da base aliada incluindo 19 deputados do PT que não compareceram ao plenário) derrubaram a tentativa do governo de votar a lei da copa exigindo a votação do Código Florestal, o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que o governo precisa de um tempo para entender o que realmente está acontecendo para, a partir desse entendimento, buscar uma solução para o impasse.

Eis aí o que está acontecendo.

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