Votação do Código Florestal ficou para a próxima semana. Muita calma nessa hora.

Eis que a intervenção do governo consegue adiar a votação do Código Florestal para a próxima semana. O relator Paulo Piau não apresentou seu relatório e muita água vai passar pela APP até que o governo se sinta seguro para botar o texto em votação.

Para que acompanha o blog isso não chega a ser uma surpresa. Desde a semana passada que venho avisando que isso poderia acontecer: Votação final da reforma do Código Florestal pode ser adiada.

O problema é o seguinte. O governo que aprovar sem alterações o texto que veio do Senado. Os deputados querem alterar o texto do Senado. Legislativo e Executivo estão medindo forças e negociando. Quem negociar melhor cederá menos.

O Governo mandou seus emissários, as ministras brucutus, Ideli Salvatti (Relações Instituicionais), Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e o pateta que ocupa o ministério da Agricultura, avisarem os deputados que o governo não aceitava negociar e queria o texto do Senado. Foram avisadas pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves que seria praticamente impossível convencer os deputados a não alterar o texto. Relembre: Henrique Eduardo Alves. Guardem esse nome. Ele pode salvar a agricultura brasileira.

O Governo chegou a sinalizar que aceitaria algumas alterações desde que a destruição de áreas agrícolas em beiras de rios para plantio de mato com ônus do produtor rural permanece no texto como veio do Senado. Alguns deputados, que eu não posso censurar por completo, se recusam a aceitar essa destruição de terra agrícola e querem consolidar essas áreas. Diante dessa ameaça o governo endureceu e agora diz que não aceita mais mudar o texto do Senado.

Agora é o momento de ter calma. Se os deputados mais radicais insistirem na consolidação de todas as áreas agrícolas em APP abrirão a caixa de pandora do veto e aí só a Dilma e a Izabella Teixeira sabem o que pode acontecer. Radicalizar agora pode botar abaixo todas as vitórias conseguidas até agora.

Pelo amor do Santo Pastor alemão de Roma não abram mão de substituir o artigo primeiro do Senado pelo artigo primeiro da Câmara. O que nós travamos hoje não é guerra por artigos nem alíneas. É uma guerra por conceitos. Um artigo pra lá, uma metro pra cá, uma alínea acolá, é merda diante da implicação conceitual de se atropelar no Congresso Nacional as sandices que os fundamentalistas de meio ambiente venderam à sociedade como "melhor lei do mundo". É isso o que está no tabuleiro.

Quanto maior for a derrota que o bando da Marina Silva levar agora maior será seu isolamento, maior será o peso do setor rural na negociação de um melhor texto no futuro. Espezinhar o radicalismo do bando de xiitas que Marina Silva agora significa dar à Presidente Dilam a chance de não vetar o texto aprovado no parlamento democrático brasileiro. Um texto sancionado sem veto será a pá de cal no discurso xiita das ONGs, será a pá de cal no marinismo. Reparem bem, meus amigos, o que está em jogo aqui não é um metro pra lá ou pra cá. O que está em jogo aqui é a derrocada definitiva do marinismo.

Façam alterações pequenas, troquem o artigo primeiro, retirem as áreas urbanas como quer o governo, isso será outra derrota do marinismo, mas não tragam de volta a emenda 164. Alguns milhões de hectares a menos de agriculta sob ônus do produtor rural é um preço caro, duro, doído, sofrido a ser pago pela sociedade brasileira, mas pequeno diante da forma fragorosa como a Aitolá do ambientalismo fundamentalista, Maria Silva, será derrota caso o texto seja sancionado sem veto.

Boa sorte a todos, menos aos marinistas de merda.

Em tempo, na próxima terça, quando está prevista a votação do Código Florestal, faltarão 28 dias para o fim do prazo do decreto que torna crime a agricultura nacional. Quem corre contra o tempo é o governo. A Ideli não tem margem pra negociar. A bancada está indócil. Vão destacar trechos e votar um a um em separado. O baixo clero vai ter pequenos orgasmos políticos múltiplos a cada destaque. O governo já perdeu o controle. Se não tivesse perdido teria votado hoje. O Paulo Piau tá com a faca e o queijo na mão.

Chega pra Ideli, Piau, e diz o seguinte: "Desculpa, Ideli, mas não posso fazer nada. Eu bem que tentei, mas a base vai alterar o texto do Senado. Se você não me dar nada eles vão desfigurar meu relatório com os destaques." E cala a boca. Deixa a Ideli falar. Fica quieto, toma um cafezinho, demora com a xícara no bico. A Ideli negocia mal. A única coisa que ela faz bem é dizer não. Se você tirar essa chance dela é vai dar da zona de conforto e do controle. Ela vai te dizer onde o governo aceita ceder. Aí tu diz que é pouco. Pede mais alguma coisa, qualquer coisa. Se ela te der, bem; se ela não te der, bem também. Faz um muxoxo, uma cara de preocupação, aperta a mão dela, sorri, diz que vai ver o que é possível fazer e vai embora.

Fecha o texto com as concessões da Ideli com o PMDB, a Ideli se encarrega do PT e do rebotalho da base, o PSD é teu e o PSDB é responsável demais para ficar contra. Pronto. Tá resolvido. Com o aceite da Ideli a Dilma sanciona sem veto. Depois que a gente pisar nas cinzas do marinismo a gente negocia um melhor texto com outro tipo de ambientalismo não-fundamentalista.

Qualquer coisa o blog do Código Florestal estará aqui como sempre esteve.

Veja o que falei hoje mais cedo no Notícias Agrícolas sobre o adiamento da votação:

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