‘Cidade’ na Amazônia foi descoberta e destruída durante operação do Exército Brasileiro (Foto: Exército/Divulgação) |
Uma cidade com mais de mil habitantes que movimentava cerca de R$ 32 milhões por mês foi destruída pelo Exército brasileiro na Amazônia. O local ficava dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, e, como quase tudo na Amazônia, era ilegal. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (13) pelo general Gustavo Dutra, responsável pela missão do Exército que aniquilou o local.
Como várias outras cidades do norte, o local nasceu no entorno de um garimpo. De acordo com informações do canal de notícias G1, lá havia mercados, casas e até salão de beleza onde a moeda de troca era o ouro. O garimpo foi descoberto no dia 24 de junho, durante a operação Curare VIII.
De acordo com o general Dutra, a cidadela ficava na região do alto Mutum, entre as cidades de Amajari e Alto Alegre, quase na fronteira com a Venezuela, no extremo Norte do estado. O local era cercado pela floresta amazônica e as únicas formas de chegar lá eram de barco ou helicóptero.
“Uma viagem de barco de Boa Vista até o local exato do garimpo leva pelo menos dois dias”, explica o general Dutra, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, acrescentando que o local foi descoberto com investigações de inteligência e tecnologia.
Dentre as mil pessoas que viviam no local havia homens e mulheres brasileiros e venezuelanos. Todos foram expulsos pelo Exército e fugiram com suas vidas pelo rio sem serem presos após a chegada das tropas. Acredita-se que eles viviam há pelo menos quatro meses na região. Não havia comunidades indígenas perto do garimpo.
No garimpo, foram apreendidos quase 9 mil litros de combustível, armas, munições, balsas, motores para extração de ouro, geradores de energia, baterias, televisão, computador quadriciclos, motocicleta e telefone satelital. Cerca de 58 gramas de ouro extraído irregularmente da região também foram achadas. “Não nos iludimos. Sabemos que esses garimpeiros vão se reestruturar em outro local”, lamentou o General.
Foi durante uma viagem com destino a ‘cidade’ de garimpo que um avião fretado pelo Exército caiu deixando quatro mortos: um piloto da Paramazônia Táxi Aéreo, empresa dona do monomotor, e três servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A operação ‘Curare VIII’ começou no final de junho e terminou nessa quarta-feira (12). De acordo com o Exército, a operação também fez patrulhamento nas faixas de fronteira, bloqueios nas estradas, além de fiscalização e bloqueio nos rios do estado.
Participaram da missão profissionais da da Força Aérea Brasileira, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Receita Federal do Brasil, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público de Roraima, Ibama, Abin, Funai, Polícia Militar do Estado de Roraima.
É muito provável que nenhum dos mil amazônidas expurgados da cidadela jamais tenha visto aparato público semelhante voltado para a assistência social. Já para a repressão....
Temo chegar o dia em que o Exército Brasileiro se ocupe de retirar as pessoas de todas as cidades da Amazônia.
“Informação publicada é informação pública. Porém, alguém trabalhou e se esforçou para que essa informação chegasse até você. Seja ético. Copiou? Informe e dê link para a fonte.”
Comentários
O post é um reflexão sobre como chegamos nessa situação.
Imagine se o Exército brasileiro se ocupasse de destruir garimpos irregulares desde sempre. Haveria Minas Gerais? Haveria Goiás? Haveria Cuiabá? Haveria Ourilândia, Novo Progresso, Castelo dos Sonhos, Alta Floresta, Pirenópolis, Itaituba?
O Brasil foi formado por gente como as que o Exército hoje expulsa de locais como o do post. O que fizemos para chegar nesse ponto e onde vamos parar nesse caminho?
O post é sobre isso.
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