Os protestos na BR-163, que liga a zona de produção de soja de Mato Grosso ao porto de Miritituba, no Pará, já geram prejuízo para os produtores de grãos que tentam escoar a produção. “Já há cancelamentos de embarques e transportadoras se negando a levar produto pela rodovia”, disse ao jornal Valor Econômico o gerente de economia da Abiove, Daniel Amaral.
As transportadoras que aceitam levar os grãos cobram frete maior, afirmou o executivo. Hoje, a rodovia é a única rota de acesso ao porto de Miritituba. Os bloqueios montados pela população que vive as margens da rodovia são itinerantes e não têm dada para acabar.
Os manifestantes permitem o retorno dos caminhões vazios a Mato Grosso, mas não permitem a ida de veículos carregados até os armazéns do porto de Miritituba.
O protesto é realizado pelos moradores da região por causa do veto à Medida Provisória 756, que altera os limites da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no Pará. Os manifestantes querem que o Governo cumpra o acordo que resultou nos vetos.
Ao anunciar os vetos o Ministro do ½ Ambiente, Sarneyzinho Filho, se comprometeu a enviar ao Congresso um projeto de lei com uma solução aos colonos que vivem dentro da Floresta Nacional do Jamanxim. Mas logo depois que conseguir os vetos, Sarneyzinho voltou atras e não cumpriu sua parte no acordo.
Segundo a Abiove, o fluxo de caminhões na rodovia caiu 75% nos últimos dias. A demanda do setor, destacou Amaral, é que o governo mande um representante à BR-163 para negociar com manifestantes. “A resolução não depende da cadeia produtiva. É uma questão política”, disse.
Na semana passada oito carros do Ibama foram incendiados em um posto de gasolina de Cachoeira da Serra, no Pará, em protesto contra ação truculenta e arbitrária do órgão na região.
Em retaliação, o Ibama bloqueou toda a indústria madeireira regional, inclusive as que trabalham legalmente. A atitude do instituto revoltou ainda mais a população local.
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