Como se faz política ambiental

Certamente, componentes vitais daquilo que nós pensamos hoje ser conscientização ambiental vem do mundo colonial. Nós ainda podemos ver isso nas paixões crescentes no movimento ambiental causadas pela destruição de florestas tropicais, apesar do extensivo desmatamento das florestas de coníferas no norte não causarem aparentemente nenhuma preocupação. A floresta tropical amazônica se transformou num símbolo de natureza ameaçada para as nações industrializadas do norte, que vêem desaparecer na Amazônia seu sonho de paraíso. Mas tradição nascida da dicotomia entre colonialismo-anticolonialismo tem um problema fundamental: é uma consciência ambiental de fora e de longe, é a percepção do cientista, do viajante, do colonizador. Tão logo ela se torna uma força real, ela provavelmente se chocará com os interesse locais. Como proteção ambiental é difícil de efetivar no longo prazo contra as populações locais - não se pode colocar um policial ao lado de cada árvore - essa tendência ameaça o próprio meio ambiente. A história colonial está cheia de exemplos onde um pensamento ambientalmente consciente das elites andaram de mãos dadas com um tratamento ambientalmente descuidado e sem raízes.

O que se lê acima é um trecho, por mim traduzido, do livro Nature and Power: A Global History of the Environment do historiador alemão Joachim Radkau.

O livro tras ainda outras pérolas como: "A historia da regulamentação do uso de florestas pode ser escrita como a história de sua violação". E ele se referia ao Código Florestal de Württemberg de 1532. Não creio que ele conheça nosso código florestal.

Nosso código florestal é uma lei assim, criada por poucos bem intencionados a partir de uma visão exterior ignorando as percepções e os anseios locais. Como aponta Radkou isso é comum na elaboração de regulamentos florestais ao longo da história do homem. Resta saber se insistiremos nisso ou evoluiremos.

Radkau também é autor de um texto fantástico sobre o radicalismo do movimento ambiental contemporâneo: The Wordy Worship of Nature and the Tacit Feeling for Nature in the History of German Forestry publicado em 1997.

Comentários

Anônimo disse…
Realmente não acredito que os poucos que debateram e criaram a lei ambiental brasileira tenham sido todos bem intencionadaos. Houve, sem dúvida alguma, muito interesse inconfesso incluído nesse código florestal brasileiro.