Nas Entrelinhas

Por Alon Feuerwerker - para o jornal Correio Brasiliense

Mas nem tudo são irrelevâncias no nosso Legislativo. Há também oportunidades. Vem aí a comissão especial para discutir a reforma do Código Florestal. No centro do debate, a polêmica entre ambientalistas e produtores rurais. Uns pressionam para ampliar, ou pelo menos manter, o percentual da propriedade que não pode ser usado para a produção. Outros batalham para aumentar a área agricultável.

É uma boa polêmica, e o Congresso Nacional prestará um favor ao país se conseguir superar os facciosismos e construir uma solução consensual.

Não é algo simples. Em teoria, quanto mais área preservada, melhor. Na prática, preservar área excessiva tem consequências socialmente indesejadas. Uma delas, talvez a mais grave, é a pressão sobre a pequena e a média propriedade, com a natural tendência à concentração. Se apenas uma porcentagem reduzida da área pode ser usada, então pequenos e médios empreendimentos correm o risco de ficarem improdutivos. E abre-se caminho para a entronização do latifúndio.

Um bom exemplo de construção razoavelmente consensual foi a Lei de Biossegurança, cujo primeiro relator foi o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Por coincidência, ele é até agora o favorito para assumir a relatoria do novo Código Florestal. Ainda que haja resistências localizadas ao seu nome no PV.

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Em tempo, a palavra é facciosísmos: sm. 1. Qualidade de faccioso; parcialidade. 2. Paixão desmedida, exacerbada por algo.

Alguma relação com a entrevista da CBN no post abaixo?

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