Ex-ministros da Agricultura defendem texto de Aldo Rebelo em ciclo de debates sobre o Código Florestal
Reportagem de Marcos Chagas da Agência Brasil
Três ex-ministros da Agricultura defenderam hoje (25) o relatório do Código Florestal, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado na Câmara dos Deputados. Alysson Paulinelli, Francisco Turra e Reinhold Stephanes participaram de ciclo de debates promovido pelas comissões responsáveis pela análise do código no Senado – Agricultura, Meio Ambiente e a de Ciência e Tecnologia. Os três rebateram as declarações de ex-ministros do Meio Ambiente que estiveram ontem (24) no mesmo ciclo de debates, para os quais o texto aprovado na Câmara é um retrocesso ambiental.
“Nenhum de nós quer desmatar. Fui prefeito e presenciei desmatamentos a céu aberto. Hoje, a consciência é outra e quem disser o contrário está enganado. Temos 220 milhões de hectares de pastagens. Ocupamos 70 milhões de hectares e ficamos discutindo se queremos desmatar ou preservar”, disse Turra, que foi ministro em 1998 e 1999.
Ele argumentou que há interesses externos envolvidos nos argumentos de ambientalistas para que não haja uma expansão agrícola no país. Segundo ele, produtores europeus “passaram documento” onde afirmariam que, se o Brasil entrasse em um acordo com a União Europeia “seria uma loucura”, uma vez que o aumento da área agricultável, permitido com as regras do novo código, destruiria o meio ambiente brasileiro.
“Um absurdo. A União Europeia não preservou 5% de seu meio ambiente. Não somos destruidores do meio ambiente, cuidamos de nossas árvores”, acrescentou Turra. Ele destacou que, dos 220 milhões de hectares de pastagens disponíveis, por exemplo, o país ocupa 70 milhões de hectares.
Reinhold Stephanes, que foi ministro até o ano passado, classificou a proposta em discussão como ponto de partida para o início de uma série de debates, que não se esgota no projeto de lei. Para ele, a polêmica em torno da “rapidez” para se aprovar a matéria no Senado é desnecessária já que a legislação ambiental será objeto de debates para aperfeiçoamento durante “muitos anos”. Entretanto, ele considera necessária a aprovação de um texto para regular a questão.
Stephanes destacou que reivindicações feitas pelos ambientalistas, durante as discussões do texto na Câmara, são medidas já adotadas pelos agricultores “há mais de 20 anos, que discutem como preservar o meio ambiente”. Ele disse que, no Paraná, seu estado de origem, medidas como o plantio direto para proteção de solo; a integração do plantio, da pecuária e das florestas; e a recuperação de áreas degradadas são comuns no dia a dia de quem lida com a lavoura.
“Eu participei de três encontros da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência] e mostrei que [eles] não apresentaram nenhuma novidade, mas sugestões e competições já utilizadas pela agricultura. O Brasil é o país que mais aumenta sua produção com preservação e responsabilidade”, disse Stephanes.
Ministro da Agricultura na década de 70, Alysson Paulinelli ressaltou a capacidade de Rebelo estruturar um texto equilibrado, que, na sua opinião, contempla reivindicações dos ruralistas e ambientalistas. Segundo ele, o relator “fez um trabalho hercúleo” para contemplar os dois lados.
A expectativa de Paulinelli é que o projeto aprovado na Câmara seja votado com rapidez pelos senadores. A seu ver, a atual legislação não tem como “ser cumprida” tamanho o número de exigências. Ele acha salutar a participação da comunidade científica no processo de discussão, mas ponderou a necessidade de “se ter cuidado com palpites de cientistas isolados, que veem o assunto com miopia”.
Edição: Lana Cristina
Três ex-ministros da Agricultura defenderam hoje (25) o relatório do Código Florestal, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado na Câmara dos Deputados. Alysson Paulinelli, Francisco Turra e Reinhold Stephanes participaram de ciclo de debates promovido pelas comissões responsáveis pela análise do código no Senado – Agricultura, Meio Ambiente e a de Ciência e Tecnologia. Os três rebateram as declarações de ex-ministros do Meio Ambiente que estiveram ontem (24) no mesmo ciclo de debates, para os quais o texto aprovado na Câmara é um retrocesso ambiental.
Foto: Wilson Dias da Agência Brasil |
Ele argumentou que há interesses externos envolvidos nos argumentos de ambientalistas para que não haja uma expansão agrícola no país. Segundo ele, produtores europeus “passaram documento” onde afirmariam que, se o Brasil entrasse em um acordo com a União Europeia “seria uma loucura”, uma vez que o aumento da área agricultável, permitido com as regras do novo código, destruiria o meio ambiente brasileiro.
“Um absurdo. A União Europeia não preservou 5% de seu meio ambiente. Não somos destruidores do meio ambiente, cuidamos de nossas árvores”, acrescentou Turra. Ele destacou que, dos 220 milhões de hectares de pastagens disponíveis, por exemplo, o país ocupa 70 milhões de hectares.
Reinhold Stephanes, que foi ministro até o ano passado, classificou a proposta em discussão como ponto de partida para o início de uma série de debates, que não se esgota no projeto de lei. Para ele, a polêmica em torno da “rapidez” para se aprovar a matéria no Senado é desnecessária já que a legislação ambiental será objeto de debates para aperfeiçoamento durante “muitos anos”. Entretanto, ele considera necessária a aprovação de um texto para regular a questão.
Stephanes destacou que reivindicações feitas pelos ambientalistas, durante as discussões do texto na Câmara, são medidas já adotadas pelos agricultores “há mais de 20 anos, que discutem como preservar o meio ambiente”. Ele disse que, no Paraná, seu estado de origem, medidas como o plantio direto para proteção de solo; a integração do plantio, da pecuária e das florestas; e a recuperação de áreas degradadas são comuns no dia a dia de quem lida com a lavoura.
“Eu participei de três encontros da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência] e mostrei que [eles] não apresentaram nenhuma novidade, mas sugestões e competições já utilizadas pela agricultura. O Brasil é o país que mais aumenta sua produção com preservação e responsabilidade”, disse Stephanes.
Ministro da Agricultura na década de 70, Alysson Paulinelli ressaltou a capacidade de Rebelo estruturar um texto equilibrado, que, na sua opinião, contempla reivindicações dos ruralistas e ambientalistas. Segundo ele, o relator “fez um trabalho hercúleo” para contemplar os dois lados.
A expectativa de Paulinelli é que o projeto aprovado na Câmara seja votado com rapidez pelos senadores. A seu ver, a atual legislação não tem como “ser cumprida” tamanho o número de exigências. Ele acha salutar a participação da comunidade científica no processo de discussão, mas ponderou a necessidade de “se ter cuidado com palpites de cientistas isolados, que veem o assunto com miopia”.
Edição: Lana Cristina
Comentários
LAMENTÁVEL ONDE NÓS CHEGAMOS PORCAUA DE PRESSÕES DOS PAÍSES RICOS.
OS BRASILEIROS ESTÃO PERDENDO SEUS DIREITOS DE OCUPAR A AMAZÔNIA, SOLO BRASILEIRO, TUDO PORCAUSA DE POLÍTICOS FROUXOS EXISTENTES NESTE PAÍS E SE CURVAM A PRESSÕES DE ONGS AMBIENTAIS DO INFERNO, ONU SATÂNICA, ETC.
DESMATAMENTO ZERO P/A AMAZÔNIA É UM CAMINHO PERIGOSO QUE FOI CRIADO PELAS NAÇÕES RICAS E JÁ ESTAMOS COLHENDO OS NOSSOS PREJUÍZOS.
LÍDERES DA AGROPECUÁRIA, TENHAM VERGONHA NA CARA, REAGEM, POIS OS BRASILEIROS TÊM DIREITO À TERRA, SIM, TERRAS NA AMAZÔNIA!!!
Becker, que é uma das maiores especialistas em assuntos amazônicos, criticou a ênfase no combate ao carbono nas abordagens sobre a região e defendeu o estabelecimento de um forte setor produtivo: «Na Amazônia não há uma base econômica organizada, não existem praticamente cadeias produtivas… A verdade precisa ser dita: neste sentido, a Amazônia não mudou nada.»
Para ela, crítica do conceito de “economia verde”, «a Amazônia já é verde. O que ela precisa é de uma economia».
Basta pagar para não haver desmatamento?
A geógrafa também teceu críticas à implantação do mecanismo de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação (REDD) na região, afirmando que tal iniciativa é um retrocesso para o desenvolvimento: «O nosso problema é fazer um esforço para o desenvolvimento da região. E aí vou pegar REDD para não desmatar?… Com REDD não ataco a causa do desmatamento. É um balde de água fria no estímulo deste desenvolvimento novo.»
O mecanismo REDD, um dos carros chefe do aparato ambientalista internacional para países como o Brasil, contempla compensações financeiras para evitar o desmatamento, alegadamente, para combater as emissões de carbono que seriam responsáveis pelo aquecimento global. Evidentemente, a perspectiva de receber recursos financeiros do exterior tem funcionado para alguns como um atrativo maior do que a preocupação com as emissões. No seminário, o superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável, Virgilio Viana, se manifestou: «A valoração de serviços ambientais é a melhor oportunidade da história da Amazônia. Temos que colocar dinheiro na floresta.»
Eles pagam para continuar poluindo…
Em última análise, o REDD implica em um pagamento a terceiros para que os países industrializados possam manter as suas cotas de emissões (leia-se consumo de combustíveis fósseis); ou seja, aceita-se dinheiro em troca do subdesenvolvimento.
E nós não nos desenvolvemos
Como afirmou Becher, aceitar dinheiro para inibir o aproveitamento econômico produtivo da região é um erro, pois a Amazônia precisa de muito mais do que de programas de combate a emissões: «A floresta é riquíssima. E esta riqueza está sendo negligenciada em função da ênfase no mercado de carbono. O mais importante é mudar o padrão de desenvolvimento da região. E não ser pago para não desmatar.»
Outro convidado presente no evento a manifestar críticas no mesmo tom de Becker foi Ricardo Abramovay, professor titular do departamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP. O pesquisador criticou a extrema carência de infraestrutura que da Amazônia, ressaltando que somente 12% dos domicílios têm acesso a saneamento básico e o acesso à água potável e à eletricidade são escassos.
Não há investimentos na Amazônia
Por fim, Abramovay e Becker questionaram a falta de investimentos em ciência na região, cujos institutos de pesquisa vivem em extrema precariedade de recursos. Segundo Bertha, o fato de o país possuir um grande mercado interno é prova de que podemos desenvolver competitividade em setores estratégicos para a região, como a indústria de fármacos.
Texto cedido
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