Novo Manual de Crédito Rural e o Código Florestal nonsense

 Em quantos anos se corta um jacarandá plantado hoje?
Nonsense ½ ambiental -  Elevado custo de implantação e manutenção com receitas espalhadas em prazos muito longos.
O governo decidiu alterar o Manual de Crédito Rural (MCR). As novas normas ainda depenem da chancela de colegiado do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve acontecer em janeiro próximo e passarão a valer já para a próxima safra 2012/2012. A recauchuta do governo no MCR tem apenas e tão somente o escopo de simplificar as regras de concessão de empréstimos e facilitar a fiscalização das operações por parte do Estado.

Procurem saber quantas vezes os termos: "Código Florestal", ou: "Reserva Legal", ou ainda: "Área de Preservação Permanente" aparecem no MCR e vocês terão uma boa pista das razões pelas quais o Código Florestal Brasileiro não passa de mais uma lei que "não pegou".

As rezões para não haver financiamentos reais para a implementação do Código Florestal entre as linhas disponíveis no MCR é simples. Financiamento é diferente de doação. Os recursos emprestados pelo governo aos produtores rurais não são dados, são emprestados. Os produtores precisam devolver ao governo o valor recebido acrescido de uma taxa de juros; alguns a curto prazo, os custeiros; outros a médio prazo, os investimento. Não há no NCR previsão de prazo maior do que 15 anos.

Reconstruir RL e APP com espécies nativas biodiversas e maravilhosas não gera receita capaz de remunerar os empréstimos às taxas de juros previstas no MCR, nem no curto, nem no médio prazo. É absolutamente inviável tomar dinheiro emprestado do governo (ou de quem quer que seja) para plantar três pés de maçaranduba por hectare intercaladas com outras espécies nativas de crescimento lento. É uma conta simples de economia florestal.

A pesquisadora do Instituto Florestal do Estado de São Paulo e professora da UNESP, Giselda Durigan, uma das maiores autoridades do país em restauração florestal, compara a perspectiva de lucrar com a reserva legal à venda de indulgências pela Igreja Católica na Idade Média: pague agora, receba no Além. O MCR não prevê esse prazo.

O engraçado é que essa é uma conta que ninguém se ocupou em fazer, apesar de simples. Os fundamentalistas das ONGs da Marina que pululam no Twitter, os articulistas do jornalismo provinciano da urbe e a paraciência dos preservadores de paradigma da SBPC põem o debate em nível tão rasteiro que as questões realmente importantes ficam de fora.

A conciliação dos produtores rurais com o meio ambiente passará necessariamente pelo Manual de Crédito Rural, mas não será nessa recauchutada que a coisa vai acontecer. Será ainda preciso elevar em muito o nível do debate e isso não acontecerá enquanto for necessário brigar com os xiitas da Marina Silva por anistias inexistentes.

Comentários

Braso disse…
Brilhante editorial, a didatica do comentario do blog e de um bom entendimento para quem tem um minimo de massa cefalica como eu, mas como os neoambientalista da marina do pau oco que de bobos não tem nada, forcarão a barra para nunca entender a logica e o bom senso.
Luiz Prado disse…
Excelente comparação, a da professora Giselda Dungan!!! Isso, sim, é economista com os pés no chão!

Fora o que, quantos são os twiteiros da ex-Marina Silva? Não é aquela que, entre outros mal-feitos, conduziu o governo à aprovação dos transgênicos e à aprovação da "tansposição" do São Francisco, depois de perder no Comietê de Bacia por 42 a 4? Ah, deve ser essa mesmo!