Este blogger em um dos plantios de eucalipto do Vale Florestar na Amazônia |
Em cinco anos de operação, o Vale Florestar conseguiu reflorestar com eucaliptos e proteger as Reservas Legais em imóveis rurais que cobrem uma área de quase 100 mil ha no Pará, em região que integra o "arco do desmatamento", da Amazônia. Até 2015, a previsão é de que sejam aplicados cerca de 600 milhões no fundo, que pretende atingir 450 mil ha em 2022, dos quais 150 mil (33%) serão plantados com eucalipto. Nos outros 300 mil ha (67%), será feito o isolamento para regeneração natural da vegetação.
Fazem parte do fundo, a Vale, o BNDES, e os fundos de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal e da Petrobras.
O projeto de reflorestamento que acaba de receber merecidamente um prêmio intencional de sustentabilidade, só existe em razão de um pequeno truque jurídico que burlou o Código Florestal vigente. Ou seja, até projetos de proteção ambiental precisam de uma nova lei para funcionar.
Entenda
Isso porque a lei vigente, que os ambientalistas adoram e creem que não precisa de reforma, exige que os imóveis rurais na Amazônia tenham uma Reserva Legal de 80% e possam plantar apenas em 20% de sua área. Essa porcentagem pode ser alterada para 50% de plantio e 50% de Reserva Legal caso o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), ratificado pelo Conama, autorize a mudança.
Ocorre que na região onde o premiado e sustentável Vale Florestar atua não tem ZEE ratificado pelo Conama autorizando a mudança nos percentuais de Reserva Legal. De acordo com a lei vigente para plantar 150 mil hectares de eucalipto na Amazônia o Vale Florestar deveria apensar uma Reserva Legal de 600 mil hectares e não de 450 mil hectares como informado.
Desde o início do Vale Florestar em 2007 e projeto conta com um decreto estadual que autoriza a redução da Reserva Legal na região para 50% mesmo antes da ratificação pelo Conama do ZEE autorizando tal redução. O decreto é flagrantemente ilegal, mas como o projeto é do bem e a Vale, através do Fundo Vale, teve o cuidado de comprar silêncio assinando alguns termos de cooperação com as ONGs ambientalistas da região (Imazon, TNC e Isa), todos fazem vistas grossas para o truque.
Diferentemente do que ocorre com o resto dos mortais que são donos de imóveis rurais na Amazônia, o Vale Florestar usa dinheiro da Vale S.A., do BNDES, do Funcef e do Pedtrus, para plantar eucalipto em mais de 20% de suas terras sem ser perseguido por nenhuma ONG ambientalista, nem muito menos por nenhum Procurador de Justiça. (Os gringos têm um nome bonito para isso: rent-seeking behavior, mas o conceito meio complexo. Outra hora falo dele.)
Repare o leitor que o Vale Florestar não ganhou um prêmio internacional de sustentabilidade à toa. O prêmio foi merecido. O programa vem substituindo a brachiaria da pecuária extensiva por plantio de eucalipto com ganhos ambientais importantes além de convencer os donos dos imóveis que integram o programa a manter uma área de Reserva Legal que supera 50% de suas terras.
O prêmio ambiental do projeto é mais do que merecido. O importante é notar que tal projeto só foi possível depois que deu-se um jeito de burlar a lei dos ambientalistas. Moral da história: Para ser sustentável tem que bular o Código Florestal vigente.
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Em tempo, esse post é uma condescendência ao Fundo Vale, à gerência de Relações Institucionais da mineradora Hydro e à ONG ambientalista Imazon, cuja esforços para perseguir este blogger em Paragominas vem me causando problemas seguramente muito maiores do que qualquer post desse blog pode causar a qualquer um deles.
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