Dupla sertaneja participará de samba-enredo contra o agro no Carnaval 2017

O ano de 2017 mal inicia e já apresenta suas surpresas: no Carnaval do Rio, vitrine turística para todo o planeta, surge uma escola de samba que anuncia um enredo que tem como herói o Índio brasileiro, e como vilão providencial, o agronegócio.

Na letra do enredo “Xingu: o Clamor da Floresta”, da Imperatriz Leopoldinense, a vida simples do índio na mata é glorificada, e o caraíba (homem branco) é “o belo monstro que rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios, tanta riqueza que a cobiça destruiu”. São tantas mentiras numa só estrofe que quase não dá para crer que alguma pesquisa tenha sido feita. Parece que a letra foi escrita por um militante de esquerda do ensino médio.

Embora muita gente propague essa ideia, é absolutamente falso dizer que os índios tem tido suas terras roubadas pela produção rural. Os produtores rurais fizeram o Brasil se tornar campeão mundial da produção de grãos e proteína animal, com apenas 8% das terras brasileiras, enquanto as reservas indígenas já somam 13% do território nacional – quase o dobro, portanto. Nos últimos anos, o que ocorre é exatamente o inverso: propriedades rurais na posse legal de famílias de produtores por mais de dois séculos, são usurpadas para a criação de novas reservas indígenas, como tem ocorrido no Mato Grosso do Sul e no noroeste gaúcho, palcos de conflitos violentos e morte de produtores pelas mãos de indígenas.

É destes 8% de terras nacionais que virá o algodão e a seda das fantasias, a cerveja e a lingüiça com farofa para os ritmistas, a madeira e a borracha dos carros alegóricos. Curiosamente, o site da escola anuncia como “puxadores” convidados, os artistas Lucy Alves e Zezé de Camargo & Luciano. Ela, que faz música com sotaque rural, e eles, que nunca recusam oportunidade de faturar em exposições-feiras, como a de São Gabriel, no ano passado. O músico e produtor Zezé pode até achar bonito o discurso que coloca o produtor como inimigo do indígena, mas imagino que não coloca suas terras em Goiás à disposição da União para fazer reservas indígenas.

E viva o Brasil do Carnaval, da ignorância histórica e da desinformação.

Texto de Tarso Teixeira, Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e Vice Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul)

A informação sobre a participação de Zezé de Camargo e Luciano no samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense está no site http://www.rio-carnival.net/carnaval/escola-de-samba/imperatriz.php

A imagem do post é uma composição feita no Fotor com imagem de Tata Barreto/Riotur mostrando a dupla sertaneja que foi homenageada pela Imperatriz Leopoldinense no carnaval de 2016 e um print da página acima.

Veja AQUI como entrar em contato com a dupla Zezé Di Camargo e Luciano

Em tempo, sugiro aos sindicados rurais que estão organizando as feiras agropecuárias de 2017 que cortem a participação da dupla até que a participação deles no semba-enredo da Imperatriz seja esclarecida.

OBS: No dia 10 de janeiro o cantor Zezé di Camargo divulgou uma nota explicando a situação e criticando a escola de samba Imperatriz Leopoldinense.

Comentários

Carlos Alberto disse…
Onde que a Imperatriz vai fazer enredo contra o agronegócio? O enredo é sobre o XINGU. E o trecho "o belo monstro rouba as terras do seus rios" é sobre a USINA DE BELO MONTE. Já teve uma "jornalista" do canal Rural falando a mesma besteira ontem e agora essa. Vão ler a sinopse, procurem se informar melhor.
Ajuricaba disse…
E o que diabos significa isso?: http://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/e9131ec2889b0bf96321b27ec5b6852c.jpg
Ricardo disse…
Deveria acabar com essa merda de carnaval!
Não trás nada para o Brasil, só putaria!
Quer fazer essa zona, façam com dinheiro privado!
Ninguém é obrigado a gostar dessa porcaria!
Liz disse…
Boa pergunta. O que significa "Ala 15 - Fazendeiros e 'seus agronegócios'".?

Carnaval é prejuízo de muitos para alegria de muito poucos.
Claudemir disse…
Bando de idiotas sem noção, não conhecem nada e ficam falando merda do agronegocio, acredito que esses sem noção acha que trigo, tomate, feijão, arroz nasce na prateleira do supermercado.
Geraldo Deffune disse…
É importantíssimo saber que 98 a 100% dos cultígenes (plantas cultivadas, micróbios e animais domesticados) que nos alimentam hoje foram domesticados e selecionados na pré-história por Agricultores Ancestrais, entre os quais nossos Nativos Americanos, responsáveis por toda nossa Agrobiodiversidade, que tem sido degenerada em híbridos e transgênicos que poluem ambiente e alimentos criando dependência e dominação dos agricultores por multinacionais. A liberdade de crítica é parte fundamental não apenas da democracia, mas do avanço de todo conhecimento. Não se esqueçam de que num ano anterior houve um enredo louvando a agricultura brasileira financiado por multinacionais agroquímicas... Apesar de respeitar opiniões alheias, considero que para serem válidas devem ser fundamentadas. Me sinto qualificado e com obrigação para opinar, pois sou Agrônomo, Professor Universitário e Pesquisador, podendo, sem falsa modéstia, considerar-me razoavelmente bem atualizado na área de sustentabilidade agropecuária. Há muita irracionalidade comercial no uso de insumos agroquímicos e posso exemplificar isso com muitas publicações e estudos científicos referenciados, se quiseres. Para começar, o balanço energético da maior parte dos cultivos convencionais agroquímicos é altamente negativo. As kcal produzidas em grãos, por exemplo, são bem inferiores à energia gasta em insumos, máquinas e combustíveis, sem contar o absurdo gasto de exportar para continentes distantes para alimentar animais que reduzem ainda mais o rendimento devido ao fracionamento na sua conversão alimentar.
Tati Rannow disse…
Eu escrevi para a assessoria dá dupla e eles me responderam
Olá!

Por meio de sua assessoria, a dupla afirmou ser mentira participação na interpretação do samba enredo da escola de samba do Rio de Janeiro Imperatriz Leopoldinense, como apontavam algumas notícias.


Att,

Equipe ZCL