Campanha pelo dia Mundial sem Chato

Campanha lançada originalmente no Blog do Guilherme Fiuza

Dia sem chato

Com tantas datas dedicadas à conscientização dos cidadãos, só está faltando a criação de uma: o Dia Mundial Sem Chato.

Seria um feriado nacional para as cassandras de plantão. Nenhuma delas mandaria você encurtar seu banho para salvar o estoque de água doce do planeta.

No Dia Mundial Sem Chato, você ficaria a salvo da mediocridade sustentável – aquela doutrina que reduz os problemas do mundo a meia-dúzia de slogans. Você não correria nenhum risco de ouvir que a crise financeira internacional será resolvida com um novo paradigma ecológico.

A ONU e toda a eco-burocracia ficariam proibidas, nesse dia, de divulgar papers com projeções chutadas sobre o holocausto climático em 2050.

O Greenpeace não poderia engarrafar a Avenida Paulista nem a Ponte Rio-Niterói para protestar contra os engarrafamentos.

No Dia Mundial Sem Chato, você não poderia se sentir um canalha por possuir um automóvel, nem um criminoso por não trocá-lo pelo maravilhoso transporte de massa que não existe. Você teria, ainda, o direito de exigir dos hipócritas do apocalipse o seu patinete a jato com ar-condicionado.

Ficaria vedada qualquer equação burra que culpasse os freqüentadores de shopping centers pela fome na África.

Nessa data cívica, você seria poupado dos axiomas que criminalizam o consumo de hambúrguer, devido aos gases estufa expelidos pelas vacas durante a digestão. Ninguém tentaria te aliciar com discursos carolas para salvar o planeta. Ao contrário: o planeta seria salvo, por um dia, do totalitarismo carola.

No Dia Mundial Sem Chato, cada vez que a palavra “sustentabilidade” fosse pronunciada, o autor da infração seria multado em dez salários-mínimos – destinados ao programa Bolsa Clichê, de salvação do idioma.

A finalidade do Bolsa Clichê seria, basicamente, erradicar os vocábulos vazios que tentam substituir a velha expressão “bom senso” por fetiches ideológicos.

Dê você também a sua contribuição para a criação do Dia Mundial Sem Chato. Vamos salvar o planeta da chantagem emocional barata.

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Em tempo, Guilherme Fiuza é autor do livro Amazônia, 20º Andar.
Recomendo a leitura.
Bom domingo.

Comentários

Luiz Prado disse…
A campanha pelo Dia Mundial sem (Eco) Chato deve incluir aqueles que defendem as "eco-bags" e as "eco-barreiras" nos rios do Rio de Janeiro, os "eco-limites" para as favelas, e um dia de paralisação dos emepéios e emepéias ambientais que ganham altos salários para fuçar tudo sem nunca alcançar um ganho ambiental concreto. E os que defendem que as leis ambientais brasileiras são as mais avançadas "do mundo" sem atentar para o fato de que a qualidade das águas dos rios continuam a piorar. Poxa, a lista é longa, agora que "eco" virou mais moda do que propostas concretas.