Folha de São Paulo sustenta mentira sobre desmatamento na Amazônia

Caros, no dia 3 de outubro o Ministério do Meio Ambiente divulgou os números oficiais do desmatamento na Amazônia mensurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o MMA o desmatamento de florestas na Amazônia em 2010 foi de 7.000 km² apresentado uma redução de 6% em relação a 2009, quanto foram desmatados 7.464 km².

No mesmo dia o jornal Folha de São Paulo publicou a seguinte manchete: Desmatamento na Amazônia sobe para 7.000 km². O jornal se valeu de uma comparação entre uma estimativa do sistemas DETER, que não serve para mensurar o desmatamento anual, e o número oficial mensurado por um outro sistema do Inpe, o Prodes, para passar ao leitor citadino a falsa ideia de que o desmatamento na Amazônia estaria aumentando.

No mesmo dia denunciei aqui no blog a mentira da Folha e pedi aos leitores que enviassem ao ombudsman do jornal uma solicitação de retratação (Folha de São Paulo mente sobre desmatamento na Amazônia). Eu e vários outros leitores do blog enviamos a mensagem.

Na última sexta feira, quase um mês depois, recebi uma resposta. A mensagem foi a seguinte:

O título da reportagem foi este, mas, como o próprio texto da reportagem, afirma depois: "Ainda assim, o número continua sendo o mais baixo desde que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) começou a fazer a medição, em 1988."

Atenciosamente,

Reinaldo Lopes, editor de Ciência


Entenderam? A Folha deu uma manchete onde diz que o desmatamento aumentou, eu acuso a Folha de mentir e a Folha responde que apesar da manchete o texto afirma que o número é o mais baixo da história.

Alguém é capaz de me explicar como "o mais baixo número desde que o Inpe começou a fazer a mediação" pode vir de um aumento? Eu acusei a Folha de São Paulo de mentir numa manchete e a Folha de São Paulo me respondeu dizendo que sim, mentiu na manchete.

Há no Brasil um fenômeno interessante. As pautas de meio ambiente nos jornais são secundárias. Ninguém liga para elas e não dá a mínima para o que eles publicam. Os editores costumam entregar as pautas para gente ligada ao movimento ambiental. Como ninguém liga para o conteúdo dos textos os jornalistas começam a militar, começam a reproduzir as pautas dos coleguinhas das ONGs ou do movimento. Em geral, quem escreve sobre meio ambiente nos grandes jornais brasileiros está mais preocupado em defender o seu próprio ponto de vista de que em se ater a fatos.

Quero crer que publicar manchetes flagrantemente mentirosas, como fez a Folha de São Paulo neste caso, não seja um hábito. O hábito é o de se defender corporativamente mesmo estando claramente errados e isso sim, depõe contra a credibilidade do jornal.

Apesar de reconhecer na resposta que a manchete foi errada e mentirosa a Folha de São Paulo não fez qualquer referência a uma retratação pública. Manifeste sua indignação. Esse tipo de comportamento só vai mudar quando a sociedade brasileira exigir um comportamente ético por parte dos meios de comunicação. Os contatos do ombudsman são:
e-mail: ombudsma@uol.com.br
twitter: @folha_ombudsman
site: http://www.folha.com.br/ombudsman/

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