Falar em prorrogação do prazo do CAR dá azar

Uma vez, quando eu era menino e vivia na roça, lá na Amazônia, um tabaréu me disse que atirar em urubu dá azar. Nunca entendi porque ele me falou aquilo. Não entendo porque alguém atiraria num urubu. Mas acreditei no velho. Apesar de ignorante, ele parecia sábio. Até hoje acho que atirar em urubu dá mesmo azar.

Um dia ele também me disse que comer jatobá também dava azar. Naquele momento eu já desconfiei do velho prascóvio. Comer jatobá era bem diferente de atirar em urubu.

Outro dia eu fui comer um bife ancho ali pela 104 sul, bem longe da Amazônia, e achei um jatobá maduro no chão. Comi.

Dias depois aconteceu o trágico acidente que vitimou o então candidato à presidência da República, Eduardo Campos. Que Deus o tenha em bom lugar!

Quando me disseram que a candidata a vice na chapa não estava a bordo da aeronave na ocasião do acidade eu lembrei na hora do velho tabaréu e do jatobá da 104 sul. Algumas semanas depois eu fui demitido.

Hoje eu tenho convicção que atirar em urubu e comer jatobá dá um puta dum azar desgranhento.

Estou virando um velho prascóvio. De uns dias para cá comecei a achar que falar em prorrogação do prazo do CAR também dá azar.

O Ministério do Meio Ambiente sabe que tem que prorrogar, mas não fala em prorrogação. As entidades que representam o setor rural sabem que a prorrogação é necessária, mas não falam em prorrogação. Os parlamentares sabem que seus estados precisam da prorrogação, mas não falam no assunto. Os desenhadores de mapa que estão limpando o pelo furando olho de produtor rural para fazer CAR também não falam no assunto.

Além de mim, só quem toca no assunto são os ambientalistas bocós e seus miquinhos abestados. Para não variar os ambientalistas bocós são contra a prorrogação do prazo do CAR.

Acho que os ambientalistas bocós ferrar-se-ão novamente. O que me faz crer que falar sobre a prorrogação do prazo do CAR dá azar.

Acho errado fazer terrorismo com produtor rural para forçá-los a morrer nas mãos dos desenhadores de mapas e suas tabelas de preços exorbitantes. Mas falar nisso dá azar.

Tomei então uma decisão importante: Não atiro em urubu, não como jatobá e não falo mais em prorrogação do prazo do CAR. Dane-se o mundo. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, Deus daria uma rima, não daria uma solução.

Eu não deveria dizer para vocês, mas essa lua, mas esse conhaque... Botam a gente comovido como o diabo.

Voltar-me-ei, então, ao STF e suas Adins até o dia 6 de maio de 2016.

Foto: Gallinazo Avisa/Ministerio del Ambiente

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