Depois da queda, o coice: Ibama dispara operação Carne Fria contra pecuária na Amazônia #CarneFria

Composição com prints da página da Folha de São Paulo 
Depois do espalhafato da operação da Polícia Federal que resultou no fechamento dos mercados internacionais à carne produzida no Brasil, o Ibama disparou mais uma operação contra a pecuária brasileira. Acompanhados por jornalistas da Folha de São Paulo e da ONG Repórter Brasil, os agentes ambientais embargaram 15 frigoríficos em vários estados da região norte, dois deles pertencentes ao JBS. A operação foi batizada de Operação Carne Fria em alusão a Operação Carne Fraca da Polícia Federal contra fraudes em frigoríficos deflagrada na última sexta-feira.

Segundo os agentes ambientais, o JBS e outros frigoríficos nos Estados do Pará e de Tocantins desrespeitaram Termos de Ajuste de Conduta (TACs) assinados por coerção do Ministério Público Federal em 2009. Pelos TACs as empresas se obrigaram a não comprar gado de propriedades rurais com áreas embargadas pelo Ibama. Ao todo, a investigação identificou a compra de 58 mil cabeças de gado supostamente oriundas de 50 mil hectares embargados pelo Ibama em território paraense.

Além do embargo administrativo, o JBS e as outras empresas foram multadas e passam a ser obrigadas a provar ao Ibama que o gado a ser comprado não tem origem em fazendas com área embargada. "Os frigoríficos vão ter de correr atrás de mecanismos para garantir que nenhum animal abatido nessas unidades seja proveniente de áreas que contenham embargo", disse o agente do Ibama, Lucivaldo Serrão, ao jornalistas da Folha que acompanhou a operação.

O JBS divulgou nota na qual nega o descumprimento do TAC e afirma que irá contestar da autuação do Ibama.

Veja a íntegra da nota da JBS

A JBS esclarece que não comprou animais de áreas embargadas pelo Ibama e vem cumprindo integralmente o TAC assinado com o Ministério Público Federal. No caso específico, a JBS informa que adquiriu animais da fazenda Café Paraíso que, no momento da compra, estava em conformidade com todos os critérios socioambientais da companhia. Para garantir a origem responsável de sua matéria­prima, a JBS:

  • seleciona 100% dos fornecedores com base em critérios socioambientais
  • não adquire animais de fazendas envolvidas com desmatamento de florestas nativas, invasões de terras indígenas ou de conservação ambiental e que estejam embargadas pelo Ibama. As informações de movimentação dos animais entre fazendas são registradas na Guia de Trânsito Animal (GTA) responsabilidade dos órgãos governamentais
  • mantém processo sistêmico de bloqueio de fornecedores que mantenham qualquer relação com violência no campo e conflitos agrários ou que façam uso de trabalho análogo ao escravo ou infantil.

Adicionalmente, e com o objetivo de identificar e bloquear fornecedores irregulares, a JBS realiza, diariamente, o download de todas as informações contidas na lista de áreas embargadas pelo Ibama e da "lista suja do trabalho escravo" do Ministério do Trabalho (na ausência da publicação da lista do MTE, utilizamos a lista publicada pelo Instituto pela Erradicação do Trabalho Escravo ­ InPacto), para confrontação dos CPFs/CNPJs contidos nas listas públicas com o cadastro de fornecedores de gado da companhia.

Todas as operações de compra de gado da companhia são anualmente auditadas, de forma independente. Os resultados dessas auditorias são publicados no website da empresa, garantindo a total transparência de suas ações. Nas três ultimas auditorias independentes, a JBS obteve mais de 99,9% de conformidade com seus critérios socioambientais aplicados à compra de gado.

Em virtude disso, a JBS afirma que vai recorrer do embargo e da multa do Ibama, uma vez que está cumprindo integralmente os requisitos do TAC assinado com o Ministério Público Federal e amparada pelas auditorias independentes citadas. Além disso, os seus processos de compra de gado estão em conformidade com a legislação nacional e com seus critérios socioambientais".

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