E se o JBS quebrar?


A pecuária brasileira passa por um momento crítico. Perseguidos por ONGs de ambientalismo radical e pressionados pela concentração do elo industrial da cadeia, os pecuaristas estão apreensivos diante do risco de falência do frigorífico JBS. Turbinado com recursos do BNDES, o grupo JBS passou a controlar a maior parte do mercado de boi gordo do Brasil que pode ser desarticulado se o gigante quebrar.

Depois de uma ano apertado com custos de produção elevados em 2016, este ano começou ainda mais dramático. O desastre do anúncio atabalhoado da Operação Carne Fraca manchou a imagem do setor junto aos consumidores nacionais e estrangeiros. Como se não bastasse a delação premiada dos irmãos Batista, donos do grupo JBS, derrubou o preço da arroba do boi.

O frigorífico interrompeu as compras a vista e passou a negociar animais para abate apenas a prazo, com pagamento para 30 dias. Quem quiser entrega o boi com a promessa de receber em um mês, quem não quiser correr o risco não tem outro frigorífico que possa comprar os animais.


Há uma apreensão entre os pecuaristas que travou o mercado do boi gordo. Muitos preferem segurar os animais nas propriedades, mas isso não pode durar para sempre além de gerar impacto direto no preço dos bezerros vendidos pra engorda. O pecuarista que não vende o boi, não compra bezerro, não investe, não compra sementes e estagnação se espraia por toda a cadeia.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) resolveu entrar no circuito. Sua Comissão de Pecuária de Corte realizará, em Brasília, no próximo dia 7 de junho, uma reunião extraordinária para discutir medidas de mitigação do risco ao produtor. O encontro vai reunir economistas para tratar do mercado, advogados para debater o direito da livre concorrência e representantes do setor para avaliar os impactos do momento.

Ainda não se sabe que tipo de ação será tomada para reverter dar segurança ao produtor e destravar o mercado, mas é possível que a CNA peça algum tipo de intervenção do Governo Federal no mercado para proteger os pecuaristas de eventuais perdas econômicas. O setor também pode pedir medidas para desconcentrar o elo industrial da cadeia e aumentar a competição entre os frigoríficos.

“O que mais nos preocupa é a pecuária. Muitos produtores estão com medo de negociar com eles (JBS). Eles só estão recebendo animais com pagamento de 30 dias, a prazo. Produtor tem ficado inseguro de negociar diante de todo esse contexto político e tem tentando negociar com outros frigoríficos. E aí aumentando a oferta nesses demais frigoríficos, eles têm diminuído o preço. No mês de maio já houve uma queda de 5% no preço da arroba do boi. Há uma preocupação geral dos produtores”, afirmou o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.

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