Noruega anuncia corte nos repasses ao Brasil por meio do Fundo Amazônia |
Vejam como são as coisas. O Presidente do Brasil foi admoestado na Noruega porque não se esforça para proteger a Amazônia dos brasileiros que vivem nela. Mas, ao que parece, o Brasil também não se esforça para proteger a Amazônia dos noruegueses. A Noruega exigiu que o presidente do Brasil vetasse uma Medida Provisória que beneficiava centenas de amazônidas que vivem numa região do Pará, porque, segundo os noruegueses, o texto significava a desproteção da floresta. Temer vetou o texto e prejudicou o povo da Amazônia para atender a Noruega. Ainda assim, além do constrangimento público que impôs ao presidente do Brasil, que chegou a incomodar as forças armadas brasileiras, a Noruega retaliou cortando pela metade a doação que faz ao Brasil por meio do Fundo Amazônia.
Pelo jeito a Noruega não quer desmatamento na Amazônia, não é?
Só que não.
Situação da mina norueguesa na Amazônia antes do início da exploração |
O Governo norueguês é dono de 43,8% de uma empresa gigantesca chamada Norsk Hydro. A empresa que administra o fundo de previdência da Noruega é dona de outros 6,5% da empresa. Ou seja, o povo da Noruega controla as ações da Norsk Hydro.
Situação da mina em 2010 quando a norueguesa Norsk Hydro comprou a exploração da Vale S.A. |
A Norsk Hydro comprou, em 2010, todos os ativos de alumínio da Vale S.A. Curiosamente, o negócio foi concluído no dia 16 de dezembro de 2016, três dias antes da assinatura da Medida Provisória nº 756/2016.
Entre os ativos de alumínio que a Noruega comprou da Vale S.A. no Brasil está uma mina de bauxita na Amazônia.
A bauxita é base para produção de alumínio. A bauxita tem ainda outra curiosidade, normalmente está disposta em uma camada do solo. Isso significa que mina de bauxita não faz um buraco no chão, como mina de ferro. Para extrair bauxita, a mineradora precisa arrancar toda a floresta, retirar a camada superior do solo para alcançar o mineral.
Situação da mina da Noruega na Amazônia no ano passado |
Para explorar bauxita na mina que comprou da Vale na Amazônia, a Norsk Hydro, que pertence ao Governo da Noruega, precisa desmatar a floresta da Amazônia.
Ontem, este blogger passou dez minutos navegando no site da Secretaria de Meio Ambiente do estado da Amazônia onde fica a mina de bauxita da Noruega.
Encontrei quinze autorizações de desmatamento emitidas entre 2009 e 2016. Juntando tudo, a Noruega tem autorização para desmatar 4.495 hectares de floresta amazônica.
Eis uma delas:
Legal, né?
O Rei da Noruega dando arrocho no presidente do Brasil para mandar o Ibama multar o povo da Amazônia por desmatamento enquanto ele mesmo coleta uns caraminguás desmatando floresta na Amazônia.
Em tempo (1), repare o leitor que eu estou tentando, na medida do passível, poupar a mineradora. Isso poque o desmamento que a Norsk Hydro promove é legal, tem licença ambiental, contrapartidas ao meio ambiente e previsão de recuperação da área no futuro. Com base nessa exploração, a região onde fica a mina empregou pessoas na economia da mineração e pode sufocar a economia de fronteira.
O impacto ambiental que Norsk Hydro causa com a mina possibilitou o fim da economia convencional que causava ainda mais impacto. É um caso semelhante ao de Manaus, cuja economia sustenta o estado do Amazonas sem que seja necessário grandes investimentos em agricultura ou pecuária.
Ou seja, o desmatamento que a Noruega promove na Amazônia por meio da Norsk Hydro é bom. É um exemplo de como desenvolver a Amazônia substituindo uma economia de alto impacto ambiental por outra de menor impacto ambiental.
É o contrário do que faz o Ibama na região da BR-163. Lá, o Ibama, financiado pela Noruega por meio do Fundo Amazônia, batalha para sufocar a economia de alto impacto ambiental com multas e prisões, mas não põe absolutamente nada no lugar dos empregos e do dinamismo econômico que sufoca.
O que o governo brasileiro faz na BR-163 para atender as vontades da Noruega é um crime justificado pela necessidade de proteger o meio ambiente. É um crime justificado, como descreveu Camus em O Homem Revoltado.
A Noruega ajudaria o Brasil se apertasse o Governo brasileiro para replicar na Amazônia a experiência da Norsk Hydro. O Rei da Noruega faria melhor se enviasse a Norsk Hydro par minerar qualquer coisa na região da BR-163 de maneira e empregar as pessoas em uma economia de menor impacto ambiental. Dessa forma, não seria mais necessário a economia de alto impacto e aí sim, seriam morais as multas do Ibama e o comando e controle de Sarney Filho.
Em tempo (2), a maior parte dos projetos financiados com os recursos que a Noruega manda ao Brasil por meio do Fundo Amazônia são de ONGs ambientalistas. Quem perde com o corte da verba anunciado pela Noruega não é o Brasil, nem a Amazônia. Quem perde com o corte do repasses noruegueses ao Fundo Amazônia são as ONGs. A Noruega deveria cortar 100%.
Aliás, começou a circular em Brasília a informação de que o governo Temer estuda recusar 100% das "doações" da Noruega com o governo assumindo o ônus ainda este ano por meio recursos no orçamento de 2018. Se quiser mesmo fazer isso, Temer não precisa substituir todo o valor por recursos orçamentários. Como expliquei: A MAIOR PARTE DOS PROJETOS FINANCIADOS PELO FUNDO AMAZÔNIA SÃO DE ONGS AMBIENTALISTAS. Apenas este ano de 2017, alguns caraminguás passaram a incrementar o orçamento do Ibama.
Temer pode cortar as doações tranquilamente. Corta tudo, Temer.
Veja tudo o que este blogger já publicou sobre as intervenções que a Noruega já tentou fazer no Brasil incluindo este texto de 2012 do qual nem eu me lembrava mais: Noruega ameaça cortar recursos para Brasil caso o Código Florestal seja alterado: Noruega ameaça cortar recursos para Brasil caso o Código Florestal seja alterado
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Comentários
Nas três fotos reconheço a primeira, época em que trabalhava na região, ainda no início da exploração de minérios na Serra dos Carajás (Vale do Rio Doce), na região de Tucuruí (CCM-Camargo Correia Mineração, hoje Dow Chemycal) e implantação da grande Subestação de Vila do Conde, região de Barcarena onde era implantada a ALBRAS, ALUNORTE etc.
Reconheço a segunda foto que é semelhante à situação entre 2000 e 2007.
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