Como ganhar dinheiro reflorestando Reserva Legal: Um modelo de negócios baseado no Novo Código Florestal

Ontem a noite o blog do Código Florestal recebeu um hit que partiu da rede de computadores de um grande fundo de investimentos com sede no Brasil. Este bloggueiro ficou encucado. O que diabos quereria alguém que trabalha em um grande fundo de investimentos com as informações publicadas nesta página? O que levaria alguém a ler o que escrevo em um sábado a noite? A única coisa que posso fazer para responder essas perguntas é inferência.

Nos últimos meses, por dever de ofício(s), tenho acompanhado um certo esforço dos ambientalistas governamentais em desenvolver uma agenda pós-CAR. Depois de 5 de maio de 2016, no dia 6 maio, quando o prazo para a inclusão de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural tiver acabado, o que vai acontecer?

Alguns ambientalistas mais ou menos sérios estão preocupados com essa agenda. Para quem não sabe o Governo brasileiro já se comprometeu internacionalmente em (re)plantar 12 milhões de hectares de florestas e recuperar um 15 milhões de hectares de pastos degradados. Já falei sobre esse compromisso no post Cortesia com o chapéu alheio.

O título do post é uma alusão ao fato de que o compromisso assumido pelo poder público brasileiro terá de ser cumprido com dinheiro do setor privado. Ou seja, o Governo assume compromissos, mas quem tem que cumprir esses compromissos é o povo.

Mas os ambientalistas do Governo sabem que nada acontecerá se o Governo não tratar de criar o ambiente para que o tal replantio de 12 milhões de hectares de florestas e a recuperação dos 15 milhões de hectares de pastos ocorram. Essa é a chamada Agenda Pós-CAR.

Alguns ambientalistas governamentais estão empenhados na construção dessa agenda. Tenho acompanhado isso de longe e o que tenho visto é de dar pena.

Os ambientalistas do governo chegaram a conclusão correta que é preciso criar/estimular um tal "mercado da recuperação florestal". Funciona assim, hoje, se você tem algum dinheiro para investir e quiser virar um plantador de soja, é fácil achar no mercado um técnico que saiba como plantar soja, você vai numa loja de máquinas agrícolas e encontra tratores e implementos adequados ao plantio, você tem uma cadeia de fornecedores de insumos, de transportadores e de compradores de soja. Existe um mercado de soja relativamente eficiente.

Mas se você quiser reflorestar alguns daqueles 12 milhões de hectares de florestas, você está nu. Dificilmente você conseguirá contratar um técnico que saiba o que fazer porque a tecnologia não existe. Você não encontrará fornecedores de mudas e terá que produzi-las você mesmo. Você não encontrará máquinas apropriadas e terá que se virar com o que existe no mercado. Você não encontrará fornecedores de insumos e muito menos existe mercado consumidor para o seu produto, você terá que criá-lo. Sem mencionar que não existem sequer regras claras para que você possa investir em reflorestamento com segurança de terá algum retorno.

Pois é esse deserto que os ambientalistas do Governo pretendem arejar com a tal Agenda pós-CAR e é aqui onde começam as ecolambanças.

O melhor que eles conseguiram até agora foi uma versão preliminar de um Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, carinhosamente chamado de Planaveg. Veja aqui a íntegra do tal.

Na minha opinião não existe classe de gente mais incapaz de entender de economia do que os ambientalistas. Quando você junta um grupo de ambientalistas para construir um mercado da recuperação florestal é improvável que desse grupo saia algo que se aproveite além de expectativas.

Pois eu acho que são essas vestígios dessas expectativas que, vez por outra, motivam fundos de investimentos a procurar informações em blogs como o meu. Dizem por aí que há cerca de R$ 20 bilhões em recursos de fundos private equities separados para investir no Brasil esperando um ambiente mais favorável.

Por essa razão decidi ajudar os investidores que acreditaram que a tal Agenda pós-car dos ecólatras é séria. Publicarei aqui nesta página um modelo de negócios para reflorestamento de Reserva Legal. Será um guia de como ganhar dinheiro plantando florestas nativas baseado nas regras que existem hoje na Lei 21.651.

Farei ainda a gentileza de apontar as regras infralegais necessárias ao bom funcionamento do modelo e os efeitos deletérios que os PRAs dos estados estão causando para esse modelo de negócios.

Gostaria entretanto de deixar muito claro que farei o que farei por atenção à fração do setor privado que embarcará na lenga-lenga da tal Agenda-pós-CAR dos ecólatras governamentais e não governamentais, que não merecem respeito.

Fique atento ao Código Florestal Ponto Com.

Veja ainda:

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Publicado por Código Florestal em Terça, 9 de fevereiro de 2016

Comentários

Felipe Romero disse…
Economistas e ambientalistas não sabem que economia humana está ligada a economia da natureza. Quem não estuda essa matéria não está apto a apontar direções.
Ajuricaba disse…
Economia é um substantivo indiferente a adjetivações. Isso que o Sr. está falando não faz o menor sentido. Talvez o Sr. queira dizer que a proteção do meio ambiente é importante para as pessoas e isso deve ser levando em consideração por economistas e ambientalistas. Mas não existe economia humana ou economia da natureza que não leve em consideração conceitos básicos da Economia.
NorteBrasilLivre disse…
Este Planaveg parece mais aqueles livros de primario,só expectativas lindas aos futuros alunos,mas sem compromisso algum dos elaboradores da historinha de final feliz.
Excelente trabalho deste blog em divulgar estas arapucas ambientais.
kkkkkkkk, adorei o seu comentário, eu penso a mesma coisa, estou tentando abrir caminho para ajudar os pequenos produtores da minha cidade a ganhar dinheiro com a emissão de carbono da reserva legal de 20% que todos eles precisam manter dentro de suas propriedades, mas descobri que o negócio e a meia boca e não informação, nem se quer por parte do Governo. Se o negócio é plantar árvores ou manter pelo menos as que estão de pé o governo deveria facilitar a vida dos produtores para que possam vender no mercado o crédito de carbono, pelo menos dos 20% de reserva legal da floresta que ele precisa mantes, mas não há estímulo algum.