“As unidades de conservação estão queimando excessivamente", diz pesquisador do Inpe


“As unidades de conservação estão queimando excessivamente. E o que se vê é uma piora ao longo dos anos”, afirma o pesquisador Alberto Setzer, responsável no Inpe pelo monitoramento de queimadas no país. Segundo ele, falta fiscalização.

O fogo calcina áreas em todos os biomas brasileiros. De acordo com o monitoramento do Inpe, mais da metade dos incêndios se localizam no Cerrado e na Mata Atlântica.

O mês de setembro ainda nem acabou, mas o elevado número de focos de incêndio pelo país já faz dele o recordista de toda a série histórica do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), iniciada em 1999. Foram registrados 95 mil queimadas até o dia 22. Trata-se do maior número de focos em um mês – e não apenas de setembro – de todos os tempos.

A explosão de focos de incêndio nos últimos três meses, aliás, já faz de 2017 o 2º ano com o maior número de queimadas da história se for considerado o período de janeiro a setembro (185 mil). Só perde para 2010. Quando o número do mês de setembro deste ano estiver consolidado, no entanto, é bem possível que 2017 já esteja na liderança, com mais que os 194 mil focos de sete anos atrás.

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A situação é bastante crítica em alguns estados, como no Pará, onde foram registrados 22.189 focos de incêndio apenas em setembro – um aumento de 462% em relação ao mesmo mês do ano passado. De novo: isso sem contar que o mês ainda não terminou. Como efeito de comparação, em todo o ano de 2016, foram 29 mil focos no estado.

Em Mato Grosso, mesmo com o período proibitivo para queimadas implantado pelo governo, novos focos são registrados a toda hora. Um novo prazo já é discutido para tentar minimizar os efeitos dos incêndios.



No Tocantins, já são 9.109 pontos de calor detectados pelos satélites em setembro. Um incêndio no Parque Nacional do Araguaia já destruiu 70% de sua área. O fogo se alastrou tanto que brigadistas desistiram de combatê-lo.

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Para Setzer, algumas imagens captadas pelos satélites revelam a grave situação atual. Veja abaixo a situação do Parque Nacional do Araguaia que, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), já perdeu 335 mil hectares. Área equivalente a 400 mil campos de futebol. É possível ver a fumaça do espaço.

O monitoramento por satélite do Inpe consegue diagnosticar todos os focos de incêndio que tenham pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura.

Estamos divulgando relatórios diários sobre a situação das queimadas em Unidades de Conservação. Veja: Observatório das Queimadas em Áreas Protegidas

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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