Mais de 100 pessoas, entre estudantes das Escolas Família Agrícola de Rio Bananal e Jaguaré, técnicos e pesquisadores participaram do encontro / Foto: Incaper |
Experiências realizadas no Projeto Biomas na Mata Atlântica foram mostradas em Dia de Campo. O evento aconteceu na área experimental do Projeto Biomas, situada na Fazenda São Marcos, em Linhares, no Espírito Santo. Mais de 100 pessoas, entre estudantes das Escolas Família Agrícola de Rio Bananal e Jaguaré, técnicos e pesquisadores participaram do encontro.
O Projeto Biomas é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições, em um prazo de nove anos. Os estudos estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas.
Durante o evento, constatou que, por meio dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), é possível ampliar a cobertura florestal no Espírito Santo. Trata-se de uma forma combinada de plantio de culturas agrícolas e espécies arbóreas em um mesmo espaço, proporcionando preservação ambiental e geração de renda para o agricultor.
O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), um dos realizadores do Projeto Biomas na Mata Atlântica, incentiva e recomenda essa prática. “Tentamos exemplificar o que pode ser replicado nas propriedades rurais em termos de diversidade de cultura. Enquanto as arbóreas da Mata Atlântica vão crescendo e se desenvolvendo, o produtor rural pode recompor uma reserva legal ou alguma área de APP, e aumentar a sua renda ao mesmo tempo”, explicou a bióloga do Incaper e coordenadora do Projeto Biomas Mata Atlântica no Espírito Santo, Fabiana Ruas.
Durante o Dia de Campo foram montadas três estações. A primeira debateu o sistema agroflorestal como estratégia para implantação de reserva legal em área de pastagem; desenho e implantação dos SAF; sustentabilidade econômica e ecológica do SAF e densidade de espécies vegetais e foi ministrada pela bióloga do Incaper, doutora em Sistemas Agroflorestais pelo CATIE, Costa Rica e Bangor University (UK), Maria da Penha Padovan.
“Mostramos que o processo de implantação de uma reserva legal pode, ao mesmo tempo, melhorar as condições ambientais e gerar renda para o produtor, por meio de um sistema sucessional quando há geração de renda vindo de diferentes espécies que vão sendo substituídas longo do processo de formação de reserva legal. Enquanto algumas vão saindo do sistema, outras vão tomando lugar”, ressaltou Penha.
A segunda estação ministrada pelo pesquisador do Incaper, João Araújo, teve como tema: manejo, poda e ciclagem de matéria orgânica. “Pensando no Projeto Biomas sabemos que os solos são deficientes de nutrientes, por isso buscamos intensificar a produção de matéria orgânica. Plantamos o guandu (espécie arbustiva) para que possamos fazer podas sucessivas, consequentemente, vamos produzir matéria orgânica que serão direcionadas para fazer a cobertura morta. Ao mesmo tempo em que se faz essa cobertura morta, ela libera nutrientes. Esse é um dos exemplos de manejo que mostramos aos participantes do Dia de Campo. Precisamos intensificar as estratégias de convivência com o sistema”, explicou João Araújo.
A terceira e última estação foi ministrada pelo pesquisador do Incaper, José Altino Machado Filho e o extensionista Itamar Alvino de Souza, que tratou sobre o consórcio de café com seringueira, comportamento de clones de café conilon adaptados ao sombreamento, produtividade e qualidade do café sem sistemas consorciados com seringueira e o desenvolvimento de dois clones de seringueira em consórcio com café. “O principal objetivo foi mostrar aos alunos, que são filhos de produtores, um trabalho que prega a sustentabilidade, tanto ambiental quanto econômica. É necessário que as informações sejam passadas da forma clara e simples para que essa ideia do consórcio entre café e seringueira possa se propagar”, ressaltou Altino.
Para o extensionista Itamar Alvino de Souza o Dia de Campo serviu para responder aos questionamentos dos alunos, além de esclarecer dúvidas sobre consórcio e diversificação. “Eles perceberam as principais vantagens econômicas e ambientais do consórcio entre seringueira e café. Ou seja, é geração de renda o ano todo”, destacou Itamar.
"O Projeto Biomas, iniciado em 2010, foi concebido para durar 9 anos. Estamos, portanto, entrando em sua fase final onde intensificaremos os processos de disseminação dos conhecimentos gerados até o momento. Este Dia de Campo faz parte de uma ampla programação de eventos e ações que terão o objetivo de fazer com que os resultados das pesquisas cheguem ao produtores rurais. Além de dias de campo, serão realizados cursos visando à capacitação e formação de multiplicadores que nos ajudarão nesta missão", explica Cláudia Rabello, Coordenadora Administrativa do Projeto Biomas na CNA.
Avaliação dos participantes
Para a aluna da Escola Família Agrícola de Jaguaré, Hevilis Targa Rodrigues, que também é filha de produtores rurais, participar do dia de campo é levar para dentro da propriedade uma oportunidade de diversificação. “O meu projeto de conclusão de curso é sobre consórcio entre banana, cacau e seringueira. Em cada período do ano, podemos produzir de diferentes formas, e teremos renda o ano todo. Também é importante que nossos pais saibam que podemos trabalhar sem prejudicar o meio ambiente”, disse Hevelis.
A professora da Escola Família Agrícola de Jaguaré, Nina Paixão, avalia o dia de campo como rico em informações e resultados. “Podemos perceber que os experimentos tiveram resultados e que podem ser implementados nas unidades produtivas da região. O bacana é que alguns pontos que foram colocados nas estações já estão sendo realizados pelos alunos nas escolas dentro do contexto da diversificação agropecuária”, ressaltou Nina.
Sobre o Projeto Biomas
Lançado em 2010, o Projeto Biomas é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições, em um prazo de nove anos. Os estudos estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas.
O Projeto Biomas conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (SEBRAE), da John Deere e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Na Mata Atlântica, o Projeto Biomas é realizado em parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Assessoria de Comunicação CNA com Assessoria do Incaper
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