A preservação da miséria florestal na Amazônia

Enquanto o mundo se preocupa com as florestas amazônicas o povo da Amazônia tem uma das piores condições de vida do planeta. A conclusão é do estudo A Amazônia e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio feito, por incrível que parece, pelas próprias ONGs que tocam a estratégia de preservação regional.

De acordo com o estudo, cerca da metade da população que vive nesses países encontra-se abaixo da linha da pobreza, apesar dos vastos recursos naturais. A situação é mais crítica na Amazônia bolíviana (60%), equatoriana (59%), peruana, na Guiana Inglesa (54%), Venezuela (52%) e Suriname (51%).

A mortalidade infantil na Amazônia é bem maior do que a media nacional dos países. Na amazônia bolíviana, a mortalidade infantil está acima das regiões mais pobres do mundo, são 73 casos por mil nascidos vivos, e na amazônia peruana 38 casos por mil. Em alguns países, a desnutrição nas regiões amazônicas atinge um quarto da população infantil. As maiores taxas encontram-se no Peru (24%) e na Bolívia (21%).

O estudo mostra que o analfabetismo na Amazônia está acima do limite internacionalmente considerado como crítico pela UNESCO, que é de 5%. Na Amazônia brasileira, é mais do que o dobro (11%) e na Amazônia boliviana é 17%. Todos os outros países da pan-amazônia apresentam números acima desse nível crítico, com 8% na Amazônia peruana, 6,5% na Amazônia equatoriana e 6% na Amazônia venezuelana.

Em relação à saúde, o estudo mostra que na Amazônia, o acesso a um sistema de qualidade é limitado em comparação com a porção não amazônica dos países avaliados. Os países amazônicos têm entre 0,5 e 1,5 médico para cada mil habitantes. Essa vulnerabilidade é acentuada pela urbanização descontrolada em razão de um forte êxodo rural. A expansão urbana ocorre, via de regra, sem saneamento básico abrindo caminho para a proliferação de doenças e de condições de vida execráveis.

A propagação do vírus da AIDS aumentou nos últimos anos em toda a região amazônica. A tuberculose é uma doença que está em baixa no mundo inteiro menos na fração amazônica do mundo. A incidência dessa doença nos países amazônicos como o Peru e a Bolívia é a mais elevada do planeta. O estudo aponta que na Amazônia, algo entre 400 mil e 600 mil pessoas contraem malária a cada ano.

Embora a região possua as maiores reservas de água doce do planeta, boa parte da população amazônica não dispõe de água própria para o consumo. A Bolívia é o país com menos acesso a esse direito fundamental.

Estratégia de preservação da miséria florestal

As ONGs e o ambientalismo contemporâneo não sabem o que fazer com a Amazônia. O problema deles é que, só na Amazônia brasileira, vivem cerca de 25 milhões de pessoas que não são índios nem seringueiros. Gente que foi instada pelo próprio Estado brasileiro a integrar a região à economia nacional.

Os ciclos econômicos que se estabeleceram na região foram os únicos que se conhece. Exploração de madeira, agricultura e pecuária induzindo uma economia de comércio e serviços e depois, aqui acolá, economias industriais. Efeito colateral disso é o desmatamento para o avanço da fronteira.

Instados a barrar o desmatamento para proteger a Amazônia os ambientalistas se ocuparam de asfixiar os ciclos econômicos normais. Deveriam pôr outros no lugar, mas as alternativas todas são sonhatismos que viram pesadelatismos quando postos em prática. Extrativismos, serviços ambientais pelos quais ninguém paga, biodiversidade que o Brasil preserva e os países desenvolvidos de apropriam porque detém a tecnologia e o conhecimento para o desenvolvimento de fármacos. Nada disso substitui a economia convencional predatória.

Mas Marina Silva e suas ONGs não têm tempo para esses detalhes. Precisam salvar a mãe gaia do mal. Serneyzinho, Marina Silva, Carlos Minc, todas as gestões passadas do Ministério do Meio Ambiente dedicaram-se a barrar o desmatamento pela asfixia da velha economia predatória sem se importar com o desemprego e a miséria restante na esteira desse processo.

Quando o Ibama desce de helicóptero e fecha 50 serrarias ilegias na Amazônia ele salva milhares de árvores, mas larga pelos menos umas 300 famílias sem emprego, sem renda, sem expectativa e sem esperança.

Esse estratégia desumana de preservação da Amazônia pode ser vista, por exemplo, nas conseqüências da demarcação contínua da Reserva Raposa-Serra do Sol em Roraima mostradas pela Revista Veja, na derrota de Marina de Silva no Acre, na revolta popular de Tailândia contra o Ibama mostrada no vídeo acima. Essa estratégia desumana de preservação da Amazônia se reflete na deterioração dos índices sociais da região como mostra o estudo do Arpa. É a preservação da miséria florestal na Amazônia.

Comentários

Luiz Prado disse…
Eles odeiam a espécie humana que não compartilha dos mesmos tapetões aos quais se acostumaram. Proponho um documentário sobre as condições de vida dos amazônidas, ou quem sabe apenas sobre o saneamento em pequenas cidades como Manacapuru, a "Princesinha do Solimões", para jogar na cara dos EUA e da Europa que pagam pela disseminação dessa noção de "paraíso perdido".
Flávia e Wagner disse…
Os ambientalistas da miséria sempre citam o artigo 225 da Constituição para envolver os urbanóides idiotas (atores globais, estudantes incautos, etc) que significam 84% da nossa população (censo 2010)citando que o Meio Ambiente é um bem de todos.
Qual o serviço ambiental que a Amazonia Legal presta ao mundo? O povo amazônida merece no mínimo DIGNIDADE.

As máscaras estão caindo.

Wagner Salles