Juntinhos, Torloni pede a Sarney que a ajude. Foto: Fabio Pozzebom / ABr |
A grande ambientalista afirma ainda que há "incríveis meio ambientalistas que no governo" e disso eu não posso discordar. Há mesmo muitas metades de ambientalistas, mas não apenas no governo, na Globo também. Leia abaixo trechos da entrevista:
Dá para o teatro sobreviver sem subsídios?
É complicado viver sem subsídios. Outros setores empresariais não sobreviveriam. A política da meia-entrada é importante para a formação de plateia e para oferecer cultura a quem realmente não pode pagar por ela. Mas está incompleta, porque não apoia o outro lado. Como que um produtor tem uma ideia, monta um espetáculo, se no final, tem que vender seu produto pela metade do preço e cobrir com isso o custo de produção? Temos de reavaliar também a carteira de estudante.Qual o critério para obtê-la?
Qual é a sua opinião sobre a Lei Rouanet?
A proposta de mudança da lei não faz sentido, é melhor conservá-la como está. E discutir de forma mais profunda a Lei do Teatro. Sou contra o Fundo de Cultura. Como é que empresas vão colocar em um fundo recursos de campanhas de marketing para que o governo administre? Em um país como o Brasil, com histórico forte de corrupção, fica complicado. O que deveria existir é um projeto sólido de circulação e fomentação de cultura. Em vez de fechar caminhos, temos de abri-los. Eu sou uma batalhadora, que coloco a pasta embaixo do braço e vou à luta para montar meus espetáculos. Já escutei vários “nãos”, mas não desisti por causa deles.
Na sua opinião, a Ancine ajuda ou atrapalha?
A Lei do Audiovisual veio se sofisticando. Prova disso são as excelente e numerosas obras cinematográficas do país que fazem sucesso mundo afora. Mas isso porque finalmente enxergaram o cinema como indústria. O teatro nunca deixará de ser artesanal, mas precisa de subsídios governamentais como o cinema.
Você é uma mulher pró-verde, lutou na campanha Diretas Já. Há alguma outra bandeira que pretende levantar?
São causas que me tocam. As duas têm a ver com minha missão geracional, tanto as Diretas Já como a causa ecológica. O código florestal, se for aprovado da maneira como está agora, vai gerar prejuízos que castigarão o planeta inteiro. Belo Monte, por exemplo. A essa altura, sabemos o que significa a construção dessa hidrelétrica e o custo ambiental dessa obra, como ainda pensamos que pode ser algo benéfico? Por que o Brasil não foi convocado para votar sobre isso, para decidir se realmente quer e pode arcar com uma hidrelétrica como Belo Monte? Infelizmente, nossa democracia é muito frágil, nesse sentido.
Você acredita em complô internacional para se apropriar da Amazônia?
Não. O que existe é uma ignorância nacional em relação a isso. E um olhar internacional sobre aquilo que estamos fazendo com o nosso meio ambiente. Essa questão atinge nossa soberania. Não é porque a Amazônia está aqui que temos o direito de fazer tudo o que quisermos com ela. A Amazônia interfere no planeta. Temos incríveis meio ambientalistas que estão no governo. A Marina Silva fez um excelente trabalho dentro do Ministério. Ela mesmo disse: “Nós podemos ser o celeiro do mundo sem derrubar uma árvore”. Está cientificamente provado que podemos. Precisamos transformar essa mentalidade antiga que ainda temos. Parques eólicos demonstram a possibilidade de gerarmos energia limpa. Podemos abrigar uma Copa Verde. Olhem só a oportunidade histórica que o Brasil está tendo e que nenhum outro país teve!
Veja a entrevista na íntegra: 'Sem fé a pessoa se torna muito só', diz Christiane Torloni
Comentários
Tudo tem seu impacto, isto é assim e sempre será, mas não podemos viver sem eles. Um certo grau de ação e modificação no ambiente sempre é necessário, só esta gente que sonha com um mundo de faz de conta que não se dá conta !!
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