Assim talvez funcione

"Produtores de água" assinam contrato em projeto pagamento por serviços ambientais"

Nesta sexta-feira (15), no salão nobre da Prefeitura de Apucarana no Paraná, umgrupo de 63 proprietários rurais assinou um contrato de participação no projeto Oásis. O projeto vai premiar financeiramente os produtores rurais que preservam as florestas da região, especialmente aquelas áreas com nascentes. Os pagamentos iniciam em 26 de janeiro e variam de R$ 850 a R$7 mil por ano.

O prefeito João Carlos de Oliveira destacou que não se trata de uma remuneração qualquer, mas “uma compensação pelo trabalho, pela responsabilidade e pelo compromisso em cuidar do meio ambiente”. E frisou: “É na agricultura que estão nossas minas e a grande parcela de nossa esperança de que, em parceria, podemos preservar nossos mananciais e, por conseqüência, os recursos que precisamos para viver e que dependem de um uso consciente”.

“Os produtores rurais muitas vezes são vistos como os vilões da poluição. Isso não é verdade, disse Satio Kayukawa, responsável pela execução do Projeto Oásis/Apucarana. Kayukawa lembrou que o projeto foi melhorado através do apoio da Fundação O Boticário e que, por isso, houve algumas modificações.

Uma das mudanças foi em relação ao valor do apoio financeiro, no início definido apenas pela vazão das nascentes. A lei que institui o projeto também sofreu outras duas alterações, aprovadas pela Câmara: a averbação da reserva legal, um dos pré-requisitos de participação, foi dispensada e as propriedades localizadas no perímetro urbano agora estão também aptas a participar.

“São três bacias hidrográficas, mil e quinhentas propriedades rurais e quinhentos e quarenta quilômetros quadrados de área”, dimensionou o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente e representante da gerência da Sanepar, Edson Denobi.

O diretor de Relações com a Comunidade de Apucarana, Valter Pegorer, destacou que os produtores rurais devem ser reconhecidos como “produtores de água”. Pegorer frisou ainda que a participação deles é o fator essencial para evolução do projeto. “Não adiantaria o município ter a vontade e os recursos sem a participação dos produtores”, definiu.
Paulo Fenato, proprietário dos sítios São Francisco e São José, desde 1945, reconhece a importância do projeto. “Tenho sete minas nas propriedades, já fazemos a preservação da mata em volta delas e plantamos mais. E cada vez que passam lá a gente vai melhorando”, diz ele.

Para pleitear o benefício, o proprietário rural precisa se cadastrar na Secretaria de Meio Ambiente, que vai analisar a condição ambiental de toda a propriedade rural de acordo com uma tabela de cálculo de pontuação. As propriedades contempladas passarão por uma vistoria anual e os valores pagos aos proprietários poderão aumentar ou diminuir, dependendo de suas ações para melhorar a qualidade ambiental de sua propriedade.

Os proprietários que atenderem a todos os requisitos mínimos receberão 2 UFM por mês (cerca de R$72) e o valor aumenta a medida em que mais critérios são atendidos. As características observadas e que podem aumentar o valor do pagamento são a existência de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente; a conectividade da Reserva Legal de uma propriedade com as Reservas Legais dos vizinhos e com as Áreas de Preservação Permanente, quanto maior a conectividade entre os fragmentos maior é a pontuação; a existência de áreas de floresta nativa que excedam a Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente; a existência de linhas de quebra vento ou cercas vivas feitas exclusivamente com espécies nativas da região; e a quantidade de nascentes com suas matas ciliares protegidas existentes na propriedade.

O projeto Oásis Apucarana tem duração inicial prevista para quatro anos, prorrogáveis por igual período. A expectativa é que seja permanente. Neste primeiro momento, o projeto vai contemplar os agricultores da bacia hidrográfica do rio Pirapó dentro do município de Apucarana, numa área de 170 km² onde se estima que existam 550 propriedades rurais. No futuro, o projeto será ampliado para as outras bacias hidrográficas existentes em Apucarana: Tibagi e Ivaí.

Parte dos recursos é oriunda da SANEPAR (Empresa de Saneamento e abastecimento do Paraná), que repassa mensalmente ao Fundo Municipal do Meio Ambiente 1% do que a empresa fatura na cidade. Espera-se aumentar o volume de recursos no Fundo para que todos os proprietários rurais na região do projeto possam participar.

As informações são do TNNEWS

Em tempo, repare que o ônus da preservação deixa de ser exclusivamente do produtor e passa a ser da comunidade uma vez que são os consumidores de água urbanos que custeiam o projeto. Excelente iniciativa. Se todos os serviços ambientais das florestas fossem remunerados não haveria problema para a preservação de florestas. Os paranaenses encontraram um jeito criativo para criar um mercado real pelo serviço ambiental.

Comentários

Luiz Henrique disse…
O Paraná também é pioneiro na implantação do ICMS Ecológico. É um sistema em que o proprietário transforma sua Reserva Legal em RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural)
Por estas áreas não estarem produzindo, o município recebe do estado a verba relativa e parte o município repassa ao proprietário, o valor é por hectare e de acordo com o estagio da mata e conservação (plantio, mata primaria , secundaria, nativa). O valor recebido pelo proprietário é até razoável, podendo ser comparado ao de um arrendamento de cana, o único porem é que o dono da área, todo ano tem de prestar contas ao Tribunal de Contas do Estado, em onde e como foi usado os recursos, sendo que estes recursos devem ser usados na RPPN ou em seu entorno, como no caso de conservação de solo e folha de pagamento, é feita uma fiscalização anual e estes valores podem ser modificados, para mais ou menos
Luiz Prado disse…
Funciona melhor quando descentraliza, não é? Essa cafetinagem do IBAMA, do ICMBio, do MMA sobre os recursos ambientais do Oiapoque ao Chuí já se exauriu.

A taxa pela outorga do uso da água é, hoje, uma grande mentira, já que o dinheiro não volta para a bacia, a sua utilização não está atrelada a metas, e ao final paga-se mais uma academia ou ONG petista para fazer o milionésimo estudo.

Parabéns a Apucarana e ao Paraná!