"Era um velho caçador acampado e o caçador compartilhou seu tabaco com ele e lhe falou sobre o bisão e dos embates que tivera com eles, deitado em uma cavidade em alguma elevação com os animais mortos espalhados pelo terreno em volta e a manada começando a circular confusa e o cano do rifle tão quente que os pequenos retalhos de limpeza chiavam ali dentro e os animais aos milhares e às dezenas de milhares e as peles esticadas cobrindo verdadeiras milhas quadradas de terreno e as equipes de peleiros se revezando dia e noite e a sucessão de semanas e de meses atirando e atirando até as estrias do cano ficarem lisas e o encaixe da coronha ficar solto e as manchas amarelo azulados dos ombros aos cotovelos e os carroções em comboios gemendo através da pradaria e as juntas de vinte e de vinte e dois bois e os couros enrijecidos às toneladas e centenas de toneladas e as carnes apodrecendo no chão e o ar zunindo de moscas e os abutres e os corvos e a noite um horror de rosnados e de presas rasgando com os lobos meio enlouquecidos se espojando na vertigem de carniça.
Vi carroças Studebaker com parelhas de seis e oito bois rumando para os campos de caça sem outra carga que não chumbo. Galena pura e mais nada. Toneladas. Só aqui nessa região entre o Arkansas e o Concho foram oito milhões de carcaças pois foi esse o tanto de peles que chegou no terminal do trem. Faz uns dois anos a gente saiu de Griffin pra uma última caçada. Vasculhamos o território. Seis semanas. Até que acabamos encontrando um bando de oito animais e matamos e fomos embora. Sumiram. Sumiram todos até o último exemplar que um dia Deus pôs neste mundo como se nunca tivessem existido.
O velho caçador se embrulhou na manta. Fico pensando se existem outros mundos assim, ele disse. Ou se esse aqui é o único."
Trecho do livro Meridiano de Sangue de Cormac McCarthy escrito em 1982 e considerado a obra prima do autor. McCarthy também é autor de Onde os Velhos não Têm Vez cuja versão para o cinema ganhou o Oscar de melhor filme de 2008, e do impressionante A Estrada que ganhou o prêmio Pulitzer de 2008. Nem um dos três é, na minha opinião, o melhor livro do autor.
Vi carroças Studebaker com parelhas de seis e oito bois rumando para os campos de caça sem outra carga que não chumbo. Galena pura e mais nada. Toneladas. Só aqui nessa região entre o Arkansas e o Concho foram oito milhões de carcaças pois foi esse o tanto de peles que chegou no terminal do trem. Faz uns dois anos a gente saiu de Griffin pra uma última caçada. Vasculhamos o território. Seis semanas. Até que acabamos encontrando um bando de oito animais e matamos e fomos embora. Sumiram. Sumiram todos até o último exemplar que um dia Deus pôs neste mundo como se nunca tivessem existido.
O velho caçador se embrulhou na manta. Fico pensando se existem outros mundos assim, ele disse. Ou se esse aqui é o único."
Trecho do livro Meridiano de Sangue de Cormac McCarthy escrito em 1982 e considerado a obra prima do autor. McCarthy também é autor de Onde os Velhos não Têm Vez cuja versão para o cinema ganhou o Oscar de melhor filme de 2008, e do impressionante A Estrada que ganhou o prêmio Pulitzer de 2008. Nem um dos três é, na minha opinião, o melhor livro do autor.
Comentários
Desejo a todos um 2010 com leis ambientais mais justas.
Que defenda o meio ambiente, mas também o produtor.
Que por conta de seu trabalho, quem tem amor a terra tenha condição de ter um pedaço de chão.
Que de condições ao pequeno crescer.
Que o empresário de sucesso seja um exemplo a ser seguido, não um inimigo.
Que o lucro não seja considerado pecado, mas sim um mérito.
Que a pretendida justiça social se faça pelo voto, não pela anarquia.
E que continuemos a participar e a dar nossas opiniões e que estas sejam ouvidas e respeitadas.
FOI ASSIM QUE ELES ENRIQUEDERAM!
Com relação aos milhões de cabeças de búfalos mortas, fazer o que? Obrigar que os atuais produtores americanos reponham tudo?
costumo dizer que que você só tem tempo e condições de pensar em ECOLOGICAMENTE CORRETO quando você já é ECONOMICAMENTE VIÁVEL...
Aí está a prova disso... Sem o que comer, não há nada que nos comova a ponto de garantir a sustentabilidade das gerações futuras...
E a tuma do meio ambiente de algibeira brincando de Dia da Árvore em escala nacional!
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