Existe ambientalista com bom senso

Perguntaram ao ambientalista Virgílio Viana, engenheiro florestal, ex-professor da Esalq-USP e PhD em Biologia da Evolução pela Universidade Harvard, se nossa legislação ambiental é mesmo boa? Ele Respondeu:

Discordo da maior parte dos meus colegas ambientalistas nesse ponto. O País tem uma legislação ambiental péssima. Por uma simples razão: ela não é cumprida. Estima-se que 90% dos proprietários rurais estejam em situação irregular hoje no Brasil. Fica a impressão para a sociedade que os produtores rurais, os moradores da roça, são contra a natureza. Essa ideia de que o urbano é verde e o rural é antiverde é falsa. A lei não permitir a coleta de um pé de açaí ou do mel de abelhas em uma APP (Área de Proteção Ambiental), por exemplo, fere o bom senso. É uma ideia de intocabilidade da natureza que nem Madre Tereza de Calcutá teria. Esse olhar precisa mudar.

Leiam a entrevista na íntegra feita pelo Estadão: A cor do Dinheiro.

Comentários

Newton Almeida disse…
Mais de 50 entidades assinaram um manifesto em defesa do meio ambiente brasileiro e da produção de alimentos saudáveis, e para afirmar a insatisfação em relação à proposta de alteração do Código Florestal que está em debate na Câmara dos Deputados. Entre as entidades estão : CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) ; FETRAF (Federação Nacional dos Trablhadores na Agricultura Familiar) ; VIA CAMPESINA ; CPT (Comissão Pastoral da Terra) ; MMC (Movimento das Mulheres Camponesas) ; MCP (Movimento Camponês Popular) ; UNICAFES (União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) .
O manifesto traz duras críticas ao relatório do Deputado Aldo Rebelo, e solicita o adiamento de qualquer votação, até que " esse necessário debate ocorra " .
As entidades também manifestam seu apoio à preservação do meio ambiente e sustentabilidade : " num momento onde toda a humanidade está consciente da crise ambiental planetária e lutando por mudanças concretas nas posturas dos países, onde o próprio Brasil assume uma posição de defesa do desenvolvimento sustentável, é inadimissível que retrocedamos num assunto de responsabilidade global, como a sustentabilidade ambiental " .
O documento detalha as alterações propostas no relatório do Deputado Aldo Rebelo e nega que sejam do interese ou necessidade dos pequenos produtores rurais , como " o Projeto desobriga a manutenção de Reserva Legal para propriedades de até 4 módulos fiscais , o que representa 90% dos imóveis rurais no Brasil . Essa isenção significa, por exemplo, que imóveis de até 400 hectares podem ser totalmente desmatados na Amazônia - já que cada módulo fiscal tem 100 hectares na região .... " .
Newton Almeida
MEIO AMBIENTE RIO DE JANEIRO
Cássio Marcon disse…
Texto retirado da entrevista.

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Há um falso dilema entre agricultura e ambientalismo. O produtor rural depende da água da sua nascente. Sem ela, não consegue irrigar a terra ou dar de beber ao gado. Se as florestas ao redor das nascentes são desmatadas, elas secam. Então, manter a mata é bom para ele. A agricultura americana teve enorme prejuízo nos últimos anos porque a polinização das laranjeiras, feita pelas abelhas, está em declínio. O setor de controle de pragas também sofre com a derrubada de matas: não por acaso, muitas plantações de eucalipto para produção de papel e celulose são circundadas por florestas protegidas pelos donos. Não porque estes sejam ambientalistas, mas porque sabem que é a melhor forma de se proteger.
Cássio Marcon disse…
Outro trecho do texto, resposta a pergunta " Como a floresta pode gerar renda?"

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Já existem instrumentos para pagamento de serviços ambientais, o conceito mais interessante para instigar essa mudança de olhar. A floresta deve ser pensada como provedora de serviços. Ela estoca carbono, que é importante para o clima, tem valor. Produz polinizadores. Regula enchentes de rios. Então é preciso remunerar quem mantém a floresta. A água, por exemplo: uma parte do preço do metro cúbico de água tem que bater no bolso do agricultor que protege nascentes. Só dois fatores podem mudar o paradigma do mato: educação e dinheiro. São esses instrumentos econômicos que faltam no Código Florestal.
Ana disse…
O Sr. Virgílio Viana, com sensatez e responsabilidade, mostra que é possível a convivência entre o homem e a natureza sem precisar declarar guerras, afinal um depende do outro para o perfeito equilíbrio, ao contrário dos radicais, que vendem pareceres em proveito próprio, visando unicamente a vantagem,causando sofrimentos às pessoas do campo que necessitam de paz para trabalhar. Muito bom saber que entre profissionais ambientais de mau caráter, desponta um,verdadeiramente responsável, para orientar sobre possíveis e melhores escolhas sob nova visão de um mesmo tema, direcionando para o entendimento pacífico.
Newton Almeida disse…
Desde quando o Código Florestal proibe a coleta de mel ou açaí numa APP ? Esse " Ambientalista " não tem bom senso .

Newton Almeida MEIO AMBIENTE RIO DE JANEIRO
Newton Almeida disse…
Desde quando o Código Florestal proíbe colher mel ou açaí em APP's ? Desde nunca !
O " Ambientalista " citado , não tem bom senso .
Ciro Siqueira , gostaria de parbenizá-lo pela sua competência e você sabe que eu não concordo com suas opiniões, mas isso não impede que eu verifique que você é uma pessoa honesta, sincero e idealista . No fundo, eu e você lutamos por um Brasil mais justo para todos os brasileiros .
Desejo sucesso ! Você tem o meu respeito .
Newton Almeida
MEIO AMBIENTE RIO DE JANEIRO