Alguém tinha que controlar os abusos do Ministério Público

Advocacia-Geral ameaça processar procuradores por excessos no exercício da sua função. Advogado-geral da União obteve aval de Lula para questionar ações do Ministério Público contra construção da usina de Belo Monte no Pará.

Com o aval do presidente Lula, a Advocacia-Geral da União (AGU) ameaçou processar membros do Ministério Público que abusarem de suas prerrogativas para impedir a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A AGU pode processar os integrantes do MP por improbidade administrativa e questionar, no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a atitude dos procuradores.

Depois que a licença prévia foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na segunda-feira, membros do Ministério Público Federal disseram que poderiam questionar a licença ambiental na Justiça e processar os técnicos do Ibama que assinaram a licença. O procurador da República no Pará, Daniel César Avelino, afirmou que todas as fases do licenciamento serão acompanhadas e cogitou entrar com processo questionando supostas falhas do Ibama.

A análise, um dia depois da licença prévia, foi entendida por advogados da União como tentativa de emperrar a construção da usina. Diante disso, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, foi a Lula e perguntou se poderia comprar a briga com o MP. O presidente deu aval, mas ordenou a Adams que avisasse antes o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A AGU divulgou nota com o aviso de que questionaria na Justiça e pediria abertura de processo disciplinar contra os procuradores. "Como procurador-geral da República, tenho sempre dito que jamais serei conivente com abusos de membros do Ministério Público. Se houver desvios, serão apurados", disse Gurgel.

Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - São Paulo, Flávio D"Urso, não se lembra de ter visto caso parecido de interferência da AGU no trabalho do MPF. Mas concorda com a AGU: "O MP é legitimado a tomar providências no campo legal, mas não pode exorbitar".

Ontem na audiência pública sobre o Código Ambiental em Ribeirão Preto o Ministério Público foi acusado de ter se deixado transformar no departamento jurídico das Ongs ambientalistas.

Leia a íntegra da Nota da AGU

Comentários

Luiz Henrique disse…
O Ministério Publico esta extrapolando em suas funções e não é só em questões ambientais, nos municípios, estão interferindo diretamente na administração do poder executivo, ditando obras que devam ser feitas ou desmanchadas, o prefeito acaba sendo um secretario destes. Já notaram como nas pequenas e medias cidades tem diminuído o nível dos prefeitos? Os mais capazes não se sujeitam mais a este cargo.
Estes abusos não devem ser controlados apenas no âmbito Federal, mas também no Estadual e principalmente no Municipal, onde os abusos e a soberba são mais visíveis.