Contra-Editorial
(Em resposta ao editorial de hoje, 12 de fevereiro, da Folha de São Paulo: Paranoia Amazônica)
Com parcialidade perigosa, uma imprensa feita por citadinos dirige a adequação das leis ambientais contra os interesses da atividade econômica nacional
A QUALIDADE do debate público em países democráticos pode ser inferida pelo grau de isenção e imparcialidade expresso nos editoriais dos jornais de grande circulação. No Brasil, cuja imprensa absolutamente urbanizada, se deixou apartar dos anseios dos brasileiros que ainda teimam em viver no campo, não surpreende que os editoriais sobre questões ambientais ― tema que veio para ficar na agenda global ― se revelem tão medíocres.
A argumentação dos jornalistas ambientais avançou tanto na modernidade que perdeu completamente o contato com o presente ainda ligado de forma indissociável, infelizmente para uns, ao passado recente. Os jornais perderam a capacidade de ler os anseios reais dos homens do campo. Essa incapacidade os leva a jogar tudo o que não é urbano em rótulos genéricos, muitos deles empoeirados, como agronegócio, ruralistas ou oligarcas rurais.
Nesse momento o meio rural brasileiro se insurge, num movimento perfeitamente legítimo em democracias reais e saudáveis, contra aquilo que considera serem abusos das agências voltadas a proteção ambiental na busca por essa proteção e a imprensa nacional perdeu completamente a capacidade de ver e interpretar esse movimento.
Em Jandaíra, no Rio Grande do Norte, o lavrador Emanuel Josian Barbosa foi morto por um fiscal do Ibama quando caçava numa unidade de conservação; 12 mil brasileiros que viviam no município de Marcelândia, no Mato Grosso, migraram depois que as operações do Ibama destruíram a economia local; os moradores da Resex Tapajós-Arapiúns, no Pará, estão sendo ameaçados por fiscais do ICMbio para acabarem com a criação secular de gado na reserva; em muitos outros municípios na Amazônia (Buritis-RO, Tailândia-PA, Buriticupú-MA, São Felix do Xingu-PA) houve insurreições populares contra a estratégia de preservação ambiental oficial baseada na asfixia das economias locais.
A forma desumana, injusta e autoritária com que o Brasil oficial se lança contra aqueles sobre os quais encaixou a pecha de destruidores da natureza e do futuro do mundo urbano se reflete em contra ataques. Muitas vezes esses contra ataques vêm eivados de rancor e arcaísmos, mas isso não significa que não haja um problema digno de ser visto em sua fonte.
É da efervescência dessa fonte que saem posicionamentos como os dos Ministros Stephanes, Edson Lobão, da própria Dilma Rousseff no seu período de Casa Civil, em seus embates com Marina Silva pelas hidroelétricas. É da efervescência dessa fonte que saem as sucessivas tentativas de se alterar o Código Florestal e de se flexibilizar as leis ambientais. O setor produtivo se insurge contra o meio ambiente não porque queira destruí-lo, mas porque a estratégia de preservação ambiental oficial é autoritária e anti produtivista e a imprensa, apaixonada que está pelo verde, cegou-se a essa faceta do ambientalismo.
Um jornalista cego e parcial não é menos medíocre e pernicioso do que um oligarca rural e não será com visões maniqueístas e reações paranóicas, de parte a parte, que se travará um debate racional sobre o tema.
Texto disponível para download: Contra editorial
(Em resposta ao editorial de hoje, 12 de fevereiro, da Folha de São Paulo: Paranoia Amazônica)
Com parcialidade perigosa, uma imprensa feita por citadinos dirige a adequação das leis ambientais contra os interesses da atividade econômica nacional
A QUALIDADE do debate público em países democráticos pode ser inferida pelo grau de isenção e imparcialidade expresso nos editoriais dos jornais de grande circulação. No Brasil, cuja imprensa absolutamente urbanizada, se deixou apartar dos anseios dos brasileiros que ainda teimam em viver no campo, não surpreende que os editoriais sobre questões ambientais ― tema que veio para ficar na agenda global ― se revelem tão medíocres.
A argumentação dos jornalistas ambientais avançou tanto na modernidade que perdeu completamente o contato com o presente ainda ligado de forma indissociável, infelizmente para uns, ao passado recente. Os jornais perderam a capacidade de ler os anseios reais dos homens do campo. Essa incapacidade os leva a jogar tudo o que não é urbano em rótulos genéricos, muitos deles empoeirados, como agronegócio, ruralistas ou oligarcas rurais.
Nesse momento o meio rural brasileiro se insurge, num movimento perfeitamente legítimo em democracias reais e saudáveis, contra aquilo que considera serem abusos das agências voltadas a proteção ambiental na busca por essa proteção e a imprensa nacional perdeu completamente a capacidade de ver e interpretar esse movimento.
Em Jandaíra, no Rio Grande do Norte, o lavrador Emanuel Josian Barbosa foi morto por um fiscal do Ibama quando caçava numa unidade de conservação; 12 mil brasileiros que viviam no município de Marcelândia, no Mato Grosso, migraram depois que as operações do Ibama destruíram a economia local; os moradores da Resex Tapajós-Arapiúns, no Pará, estão sendo ameaçados por fiscais do ICMbio para acabarem com a criação secular de gado na reserva; em muitos outros municípios na Amazônia (Buritis-RO, Tailândia-PA, Buriticupú-MA, São Felix do Xingu-PA) houve insurreições populares contra a estratégia de preservação ambiental oficial baseada na asfixia das economias locais.
A forma desumana, injusta e autoritária com que o Brasil oficial se lança contra aqueles sobre os quais encaixou a pecha de destruidores da natureza e do futuro do mundo urbano se reflete em contra ataques. Muitas vezes esses contra ataques vêm eivados de rancor e arcaísmos, mas isso não significa que não haja um problema digno de ser visto em sua fonte.
É da efervescência dessa fonte que saem posicionamentos como os dos Ministros Stephanes, Edson Lobão, da própria Dilma Rousseff no seu período de Casa Civil, em seus embates com Marina Silva pelas hidroelétricas. É da efervescência dessa fonte que saem as sucessivas tentativas de se alterar o Código Florestal e de se flexibilizar as leis ambientais. O setor produtivo se insurge contra o meio ambiente não porque queira destruí-lo, mas porque a estratégia de preservação ambiental oficial é autoritária e anti produtivista e a imprensa, apaixonada que está pelo verde, cegou-se a essa faceta do ambientalismo.
Um jornalista cego e parcial não é menos medíocre e pernicioso do que um oligarca rural e não será com visões maniqueístas e reações paranóicas, de parte a parte, que se travará um debate racional sobre o tema.
Texto disponível para download: Contra editorial
Comentários
Quanto ao "jornalismo ambiental", ele não poderia ser pior. Cheguei a ouvir da editora de ciencias ou de meio ambiente de O Globo que um tema como a fixação de carbono através do plantio direto não interessava ao leitor urbano - ela mostrou-se realmente muito parcial no exercício de sua profissão devido às limitações culturais, mentais, e à miopia quase religiosa que agora marca esses "verdes" autoritários que transformaram os órgõs de meio ambiente num circo de besteirol.
Postar um comentário
Reflexões sobre meio ambiente, pecuária e o mundo rural brasileiro. Deixe seu comentário.