O que pensa o agricultor do Código Florestal ?

Produtores rurais de Uberlândia queixam-se do Código Florestal Brasileiro. Está totalmente desajustado ao processo produtivo, avalia Carlos Augusto, que é também consultor ambiental. Sistema de reserva legal só existe no Brasil. No mundo inteiro acabou. E vêm aqui polemizar para o governo impor o cumprimento.

Carlos usa um argumento bastante defendido pelos agricultores: Se (a preservação ambiental) é para o bem da coletividade, por que o produtor paga sozinho? Os agricultores acham que devem ser remunerados pela manutenção de matas em suas fazendas, como nos Estados Unidos.

O assunto inflama os produtores rurais. Eles afirmam que uma fazenda cortada por um rio a inviabiliza comercialmente por causa das APPs. Tem fazendeiro perdendo metade da fazenda, observa Otacílio Ferreira Matos, de 52 anos, que trabalha com genética de gado Gir e Holandês. Maurício Bueno, de 45 anos, consultor em planejamento de crédito agrícola, defende excluir do cálculo a área já desmatada. Desmatamento está fora de moda.

Carlos argumenta que em regiões cujas terras já foram bastante fracionadas pelas heranças sucessivas, como Uberlândia, onde segundo ele a área média é de 50 hectares, o conceito de 20% dentro de cada propriedade não faz sentido. São pequenas moitas de mata sem corredor de ligação. Que bicho vai viver em moita de 2 hectares? Não dá sustentabilidade nem para a flora nem para a fauna. Externando uma opinião também bastante comum entre os produtores rurais, Carlos continua: A quem interessa gravar 20%? Aos nossos concorrentes lá fora, que já devastaram tudo. Sabem que somos competitivos e quanto mais puderem nos atrapalhar, vão infernizar, através de ONGs financiadas por eles. O governo não reage a essa intromissão.

O consultor ambiental diz que deveria haver um zoneamento agrícola que liberasse da reserva legal regiões antropizadas (muito modificadas pelo homem), com alta vocação agrícola, como o Triângulo Mineiro e preservasse regiões de baixa vocação, como Mato Grosso.

Trechos de reportagem publicada hoje no Estadão. Leia a íntegra clicando aqui.

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