O Ministério do ½ Ambiente quer aproveitar a experiência da Itaipu Binacional na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP3), área de influência do reservatório da usina hidrelétrica, em outras regiões do país, entre elas o Vale do Rio São Francisco. O principal interesse é o Programa Cultivando Água Boa (CAB), considerado pelo ministro do ½ Ambiente, José Sarneyzinho Filho, “um dos melhores programas de recuperação de nascentes do mundo”.
O acordo de cooperação técnica foi assinado na última sexta-feira (18), em Concórdia do Oeste, distrito rural de Toledo (Paraná), pelo ministro e pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Luiz Fernando Leone Vianna. Também estavam presentes o diretor-presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, diretores e técnicos da usina e prefeitos da região.
“Acho que temos sim que replicar. Vou determinar aos técnicos do Ministério do ½ Ambiente e da Secretaria de Recursos Hídricos para que eles se aproximem mais do programa. Temos a boa vontade da diretoria de Itaipu e tenho certeza de que esse exemplo será replicado e que vamos utilizar as tecnologias que estão sendo aplicadas aqui”, afirmou o ministro.
Sarney Filho disse ainda que irá propor ao ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que leve a metodologia do Cultivando Água Boa para outras hidrelétricas brasileiras.
“Aquela preocupação que tínhamos algum tempo atrás, da qualidade da água, continua, mas agora acrescentamos outra preocupação: a quantidade da água. Está faltando água. O regime de chuvas está modificado. No Brasil, a gente precisa cada vez mais preservar os serviços ambientais que a natureza presta, principalmente na geração de água, tão importante para o agronegócio e para o desenvolvimento do nosso país”, acrescentou Sarney Filho.
Este blogger não acredita que Sarney Filho saiba, mas o Cultivando Água Boa é um exemplo de arranjo de Pagamento por Serviços Ambientais. De maneira geral, o movimento ambientalista é feito por gente que conhece bem os problemas ambientais, mas são profundamente ignorantes em relação às soluções.
Particularmente, a questão dos arranjos de Pagamento por Serviços Ambientais é um capítulo abordado pelos ambientalistas à luz de um ignorância profunda. Os ambientalistas não reconhecem um arranjo de PSA nem quando pisam nele.
Para quem não sabe, Pagamento por Serviços Ambientais funciona assim:
- Identifica-se com clareza um serviço ambiental;
- Identifica-se um (ou vários) stakeholder(s) que demande(m) esse serviço ambiental;
- Identifica-se outro (ou outros) stakeholder(s) que possa ofertar esse serviço ambiental;
- Constrói-se as regras sobre as quais os demandantes e ofertantes possam negociar o valor do serviço e as ações para seu fornecimento.
Tão simples quanto isso.
Quando fui assessor no Senado Federal, trabalhei junto com outros técnicos em um Projeto de Lei que permitisse o surgimento de arranjos como o CAB e o Produtor de Águas, da ANA. Alguns ambientalistas até ajudaram, mas o projeto continua lá dormitando enquanto Sarney Filho assina acordo de cooperação sem função.
É como eu disse: os ambientalistas são pessoas que conhecem bem os problemas ambientais, mas são profundamente ignorantes em relação às soluções. É por essa e outras escrevi aqui que nunca haverá no Brasil um instrumento econômico de gestão ambiental baseado em PSA: Pagamento por Serviços Ambientais jamais funcionará no Brasil
Com informações da Agência Brasil e imagem da International Hydropower Association (IHA) sob Creative Commons.
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