Flona do Jamanxim foi criada sobre propriedades produtivas, diz Sarney Filho


O Ministro do ½ Ambiente, José Sarneyzinho Filho, admitiu em audiência na Câmara dos Deputados que a Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no Pará, foi criada de forma equivocada sobre propriedades produtivas. Sarneyzinho criticou as ONGs por causa de suas manifestações contrárias à recategorização da Flona e disse que a criação da unidade de conservação “não deu certo” porque ignorou a presença de pessoas que já estavam na área.

Veja algumas das afirmações de Sarney Filho sobre a Flona do Jamanxim durante oitiva para a qual foi convocado pela Câmara dos Deputados:
Sarneyzinho defendeu o Projeto de Lei enviado pelo poder executivo que altera os limites da unidade de conservação. “O que estão dizendo (sobre a proposta) não corresponde à realidade dos fatos”, reclamou o ministro. O texto que tramita em regime de urgência no Congresso conta com parecer técnico do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e, segundo o ministro, corrige erros cometidos no processo de criação das florestas protegidas da Amazônia.


“Foi uma fórmula que não deu certo, essa é que é a verdade. A intenção foi excelente: fazer um mosaico de unidades de conservação, de proteção, com áreas indígenas, com APAs (Área de Proteção Ambiental), flonas (Floresta Nacional) e parques. Não deu certo”, disse Sarney Filho. De acordo com o Ministro, a criação das unidades de conservação não teria dado certo “porque, quando criaram a flona, existiam propriedades já produtivas dentro dessas áreas, que não foram levadas em conta”.

A confissão de Sarney Filho não é novidade para quem conhece a questão. Este blog já tinha explicado a coisa aqui no post Entenda a disputa pela área do Jamanxim

Falando sério, a Flona do Jamanxim foi criada no bojo de um projeto chamado BR-163 Sustentável. As unidades foram planejadas nos gabinetes de Brasília sem qualquer sensibilidade local. A zona ocupada do Janamxim jamais poderia ter sido criada como Flona que não permite ocupação e uso antrópico não florestal. Ela já deveria ter sido criada como Área de Proteção Ambiental (APA), que permite a ocupação controlada, já em 2006.

Além disso, o projeto BR-163 Sustentável não previa apenas a criação das Unidades. Previa também uma série de medidas que incentivassem a economia sustentável como a concessões florestais e autorizações de uso controlado das unidades.

Ocorre que os ambientalistas da Marina Silva, que ocupavam o Ministério do ½ Ambiente quando o plano foi elaborado, se ocuparam apenas da implementação das unidades e do envio de fiscais e policiais. Nenhum dos itens relacionados à implantação da tal economia sustentável foi implantado.

A Flona não deu certo porque o ambientalismo brasileiro é incompetente.

O que Sarney Filho fez foi uma confissão de culpa em nome do ambientalismo do qual ele mesmo fez e faz parte.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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